Semana Mundial de Conscientização Antimicrobiana: tratar bem os animais e o planeta é respeitar a nossa saúde
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Por Paola Rueda
Criada pela OMS, Semana Mundial de Conscientização Antimicrobiana acontece entre os dias 18 e 24 de novembro de 2020
Você sabia que os animais de fazenda recebem doses elevadas de antibióticos para acelerar o seu crescimento e prevenir doenças, agravando a crise mundial de superbactérias? Esse é um dos temas da Semana Mundial de Conscientização Antimicrobiana 2020, que acontece entre os dias 18 e 24 de novembro.
Criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o objetivo desta semana é conscientizar a população sobre a importância da resistência antimicrobiana global e encorajar as melhores práticas para impedir o surgimento e disseminação de infecções resistentes a medicamentos. A semana também é um alerta para falar do uso de antibióticos em animais de produção de maneira preventiva.
A realidade da pecuária industrial intensiva
Ao contrário do que muitos imaginam, os frangos, por exemplo, não recebem hormônios em sua alimentação – isso é proibido no Brasil desde 2004. O que acontece na verdade é a administração de excessiva de antibióticos para evitar que os animais se contaminem por doenças no seu crescimento.
Estima-se que cerca de três quartos dos antibióticos usados no mundo todo sejam usados em bovinos, suínos e frangos.
Os perigos por trás do uso excessivo de antibióticos
A utilização de antibióticos de forma ampla e irresponsável no sistema de saúde e na produção animal intensiva tem desencadeado o aumento no número de microrganismos resistentes que podem contaminar alimentos, animais, estercos e o meio ambiente. Eles representam sérios riscos para a saúde pública, podendo inclusive originar novas pandemias.
O uso indiscriminado de antibióticos pode causar a ineficácia desses medicamentos no tratamento de infecções.
O que podemos fazer para evitar uma crise mundial de superbactérias
Para evitar que uma crise mundial de superbactérias aconteça, precisamos pensar e agir de forma mais integrada, considerando as relações entre as pessoas, os animais, as plantas e o meio ambiente.
Precisamos pensar em uma abordagem de “uma saúde”, que impacta a vida de todos. Algumas recomendações para isso são:
- Maior controle e transparência sobre a comercialização e uso de antibióticos por parte dos órgãos oficiais e de empresas;
- Proibição do uso de antibióticos para promover o crescimento dos animais ou de forma profilática (preventiva) para mascarar problemas de bem-estar;
- Adoção de medidas regulatórias pelo governo para controlar a poluição ambiental, que permite a disseminação de genes resistentes a antibióticos no solo, na água e no ar; entre outros.
A conta é simples: se os animais de fazenda de sistemas industriais intensivos vivem em péssimas condições de bem-estar, estressados e amontoados, eles correm o risco, assim como nós, de ter imunidade baixa - ficando mais suscetíveis às doenças.
Animais que vivem em espaços com enriquecimento ambiental e livres para expressar o seu comportamento natural estão mais resistentes a doenças e, por isso, demandam menos antibióticos que seriam usados apenas para tratar doenças.