Animais em extinção: espécies ameaçadas no Brasil e no mundo
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Conheça as espécies de animais em extinção no Brasil e no mundo, as principais ameaças que enfrentam e as medidas para proteger a biodiversidade e preservar a vida selvagem antes que seja tarde.
Um animal em extinção é aquele cuja população está diminuindo drasticamente, a ponto de colocar em risco a sua sobrevivência. Isso pode ocorrer devido a diversos fatores, como a perda de habitats, mudanças climáticas, caça excessiva, tráfico ou introdução de espécies invasoras.
A extinção de espécies animais é uma das maiores ameaças da atualidade, podendo causar a perda irreversível da biodiversidade e o desequilíbrio dos ecossistemas.
Proteger espécies ameaçadas é crucial para garantir o futuro do planeta, pois sua extinção compromete serviços ecológicos essenciais, como a polinização, a purificação da água e a regulação do clima, afetando diretamente a vida humana.
1. Onça-pintada (Panthera onca)
A onça-pintada é o maior felino das Américas e uma das espécies mais representativas do Brasil. Habitando principalmente o bioma da Amazônia e o Pantanal, a onça-pintada desempenha um papel crucial como predador de topo, mantendo o equilíbrio das populações de presas.
No entanto, o desmatamento desenfreado e a caça ilegal têm levado à diminuição de suas populações. Estima-se que restem cerca de 170 mil onças pintadas na natureza, mas essas populações estão fragmentadas e muitas delas isoladas, o que aumenta o risco de extinção.
No Brasil, essa espécie é classificada como “Vulnerável” pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Para proteger a onça-pintada, são necessárias ações de conservação que incluam a criação e manutenção de áreas protegidas, corredores ecológicos que conectem fragmentos de floresta, além de programas de conscientização para mitigar conflitos com comunidades locais.
2. Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)
Maior canídeo da América do Sul, o lobo-guará é encontrado principalmente no Cerrado, um bioma que tem sido severamente afetado pela agropecuária intensiva. Com menos de 25 mil indivíduos na natureza, o lobo-guará enfrenta uma diminuição alarmante em sua população.
O desmatamento desenfreado transforma vastas áreas de vegetação nativa em monoculturas e pastagens, fragmentando o território do lobo-guará e limitando sua capacidade de caçar e se reproduzir.
Atropelamentos em estradas que cruzam áreas de habitat natural são outra causa significativa de mortalidade do lobo-guará. A expansão da infraestrutura, muitas vezes sem planejamento adequado para a fauna local, resulta em frequentes acidentes, que impactam diretamente as já reduzidas populações dessa espécie.
3. Panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca)
O panda-gigante é um símbolo mundial da conservação. Nativo das florestas montanhosas da China, o panda-gigante é conhecido por sua pelagem preta e branca e sua dieta quase exclusiva de bambu.
Após décadas de esforços de proteção, a espécie começou a mostrar sinais de recuperação, sendo reclassificada de "Em Perigo" para "Vulnerável" pela União Internacional da Conservação da Natureza (IUCN) em 2016, um sinal positivo de que as medidas de conservação estão funcionando.
Apesar desse progresso, a espécie ainda enfrenta desafios contínuos, e a preservação de seu habitat é essencial para garantir sua sobrevivência a longo prazo. Hoje, estima-se que existam cerca de 1.864 pandas-gigantes vivendo em liberdade.
4. Baleia-fin (Balaenoptera physalus)
A baleia-fin é a segunda maior espécie de baleia, superada apenas pela baleia-azul. Encontrada nos oceanos de todo o mundo, a baleia-fin tem sido severamente caçada durante o século XX, o que levou à sua inclusão na lista de espécies ameaçadas.
Embora a caça comercial de baleias tenha sido amplamente proibida a partir de 1986, com a moratória da Comissão Baleeira Internacional (CBI), a recuperação das populações de baleia-fin tem sido lenta.
Em algumas regiões, como o Atlântico Norte e o Pacífico Norte, a caça ainda ocorre em pequena escala, e em outros países, como a Islândia e o Japão, a caça continua sob pretextos de pesquisa científica, o que também coloca pressão sobre a espécie.
Estima-se que existam cerca de 100 mil indivíduos atualmente e é classificada globalmente pela IUCN como “Vulnerável”.
5. Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari)
A arara-azul-de-lear é uma espécie endêmica do Brasil, vivendo no bioma da Caatinga. Esta bela ave azul está classificada como “Em Perigo” pelo MMA, e possui uma população estimada em cerca de 2.273 indivíduos.
As principais causas do declínio da espécie incluem a destruição de seu habitat natural, as caatingas de Licuri, onde se alimenta quase exclusivamente dos frutos das palmeiras Licuri (Syagrus coronata), que também têm sido destruídas para expansão agrícola e pecuária.
Outro fator crucial foi a captura ilegal. Devido à beleza de sua plumagem e à demanda por aves exóticas no mercado internacional, muitas araras-azuis foram capturadas e vendidas de forma clandestina. O tráfico de animais silvestres, uma prática comum no Brasil, teve um impacto devastador sobre essa espécie rara.
6. Pinguim-africano (Spheniscus demersus)
O pinguim-africano é encontrado nas costas da África do Sul e da Namíbia. Atualmente, cerca de 20.000 casais reprodutores são encontrados na natureza, colocando a espécie em situação de “Em Perigo” de extinção pela IUCN.
O pinguim-africano sofre com a destruição de seu habitat natural. As áreas de reprodução costeira, como ilhas e penínsulas rochosas, estão sendo degradadas devido à urbanização e à exploração humana.
Outro fator importante é a poluição dos oceanos, especialmente os derramamentos de petróleo, que têm um impacto devastador sobre essa espécie. O contato com petróleo pode prejudicar a capacidade das penas dos pinguins de repelir a água, comprometendo sua habilidade de nadar, caçar e regular a temperatura corporal, levando à morte.
7. Peixe-boi-marinho (Trichechus manatus)
O peixe-boi-marinho habita as águas costeiras do Caribe e da América do Sul, incluindo o litoral norte do Brasil. Com uma população estimada em cerca de 130.000 animais no mundo todo, a espécie foi listada internacionalmente como “Vulnerável” pela IUCN e, no Brasil, o peixe-boi-marinho é classificado como “Em Perigo” pelo MMA.
O aumento do tráfego de barcos em áreas habitadas por peixe-bois resulta em acidentes fatais. Esses mamíferos têm uma velocidade de natação lenta e são frequentemente atingidos por barcos, o que pode causar ferimentos graves ou até mesmo a morte. A falta de sinalização adequada e de zonas de proteção em áreas de alta navegação contribui para essa ameaça.
A poluição da água também afeta o peixe-boi-marinho. A poluição proveniente de esgoto, produtos químicos e resíduos industriais pode prejudicar a saúde dos animais, afetar a qualidade da água e reduzir a quantidade e a qualidade da vegetação aquática disponível para alimentação.
8. Gorila-da-montanha (Gorilla beringei beringei)
O gorila-da-montanha vive nas florestas das montanhas da África Central, principalmente em Uganda, Ruanda e República Democrática do Congo. Ele é conhecido por seu comportamento social complexo e seu papel crucial na ecologia dos habitats montanhosos.
A espécie está criticamente ameaçada devido à caça furtiva, perda de habitat e doenças. Como primatas com uma biologia semelhante à dos humanos, eles são suscetíveis a doenças infecciosas que podem ser transmitidas por humanos ou por outros animais.
Graças às iniciativas de conservação, a população de gorilas-da-montanha tem mostrado sinais de recuperação, com o número estimado de indivíduos aumentando para cerca de 1.000, após ter sido reduzido a menos de 250 indivíduos no passado.
9. Condor-da-Califórnia (Gymnogyps californianus)
O condor-da-Califórnia é uma das aves mais raras do mundo. Com menos de 30 indivíduos em estado selvagem na década de 1980, a espécie foi alvo de programas de reintrodução.
Hoje, estima-se que haja cerca de 6,7 mil condores adultos na natureza. No entanto, a contaminação por chumbo e outros poluentes ainda representam uma ameaça significativa para essa espécie que é classificada como “Criticamente em Perigo” pela IUCN.
O envenenamento por chumbo, proveniente de balas de caça e de munições usadas na caça de outros animais, é uma das principais causas de mortalidade entre os condors. Os condors podem ingerir acidentalmente fragmentos de chumbo presentes no meio ambiente, que levam a envenenamento e morte.
10. Baleia-azul (Balaenoptera musculus)
A baleia-azul, o maior animal do planeta, ainda enfrenta graves ameaças devido à caça histórica e à degradação de seus habitats marinhos. Atualmente, as populações de baleias-azuis compreendem cerca de 15.000 indivíduos, mas sua recuperação tem sido lenta devido à uma combinação de fatores humanos e ambientais.
A principal causa do declínio das populações de baleia-azul foi a caça comercial intensiva que ocorreu no início do século XX. Durante a era da caça de baleias, milhões de baleias foram abatidas para obter óleo, carne e outras partes do corpo. A baleia-azul, sendo uma das maiores e mais valiosas, foi particularmente visada, e as populações foram reduzidas a níveis alarmantes.
Além da caça histórica, a mudança climática está afetando as baleias-azuis de várias maneiras e o aumento do tráfego marítimo nas rotas de migração das baleias-azuis têm resultado em um risco maior de colisões com grandes navios, que podem causar ferimentos fatais ou estresse significativo à essa espécie que está classificada como “Criticamente em Perigo” pelo MMA.
11. Macaco-prego-galego (Sapajus flavius)
O macaco-prego-galego (Sapajus flavius) é uma espécie de primata endêmica do Brasil, encontrada principalmente na Mata Atlântica, nos estados do nordeste, como Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
A principal ameaça da espécie é a destruição e fragmentação de habitat. A Mata Atlântica, onde esses macacos vivem, é um dos biomas mais devastados do Brasil, com apenas cerca de 12% de sua cobertura original preservada.
Apesar de todos os desafios, a conscientização sobre a importância de conservar o macaco-prego-galego e seu habitat tem crescido, e há sinais de que os esforços de conservação podem contribuir para a recuperação da espécie. Mas, com uma população estimada em aproximadamente 1.000 indivíduos, o macaco-prego-galego ainda é classificado como "Criticamente em Perigo" na Lista Vermelha da IUCN.
12. Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni)
O soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni) é uma das aves mais raras e ameaçadas do Brasil, encontrada exclusivamente na Chapada do Araripe, no estado do Ceará, uma região que tem sofrido com o desmatamento para dar lugar à expansão agrícola.
A ave é encontrada exclusivamente em uma faixa estreita da Chapada do Araripe, com cerca de 28 km² de área ocupada, o que significa que qualquer mudança no ambiente local pode ter um impacto devastador na espécie. Para enfrentar essas ameaças, foram estabelecidos esforços de conservação que incluem a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe e de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), destinadas a proteger as áreas críticas para a espécie.
Embora esses esforços tenham contribuído para aumentar a conscientização e a proteção da espécie, o soldadinho-do-araripe continua listado como "Criticamente em Perigo" na Lista Vermelha da IUCN. Sua população é estimada em menos de 1.000 indivíduos, o que torna urgente a continuidade e o fortalecimento das ações de conservação.
Lista vermelha de espécies ameaçadas
Organizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas é a mais completa base de dados global sobre o estado de conservação das espécies animais e vegetais, entre outras.
De forma geral, essa lista classifica plantas, animais, fungos e protistas (protozoários e algas), de acordo com o risco de extinção, avaliando o impacto das atividades humanas e outros fatores sobre as populações animais.
A Lista Vermelha serve como um guia para políticas de conservação, alertando sobre espécies que necessitam de proteção imediata. Suas categorias são:
- Extinto (EX): Não há mais indivíduos vivos da espécie, tanto na natureza quanto em cativeiro;
- Extinto na Natureza (EW): A espécie só sobrevive em cativeiro ou em programas de reintrodução, mas está extinta em seu habitat natural;
- Criticamente em Perigo (CR): A espécie enfrenta um risco extremamente alto de extinção iminente na natureza;
- Em Perigo (EN): Encontra-se em risco muito elevado de extinção em estado selvagem;
- Vulnerável (VU): Corre um risco elevado de extinção em um futuro próximo, embora a situação seja menos crítica que as categorias anteriores;
- Quase Ameaçada (NT): A espécie está próxima de se qualificar para uma categoria de ameaça e precisa de monitoramento constante;
- Pouco Preocupante (LC): A espécie é abundante ou possui distribuição extensa, não estando sob risco imediato de extinção;
- Dados Insuficientes (DD): Não há informações suficientes para uma avaliação adequada do risco de extinção da espécie.
Aqui no Brasil existe o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, que classifica o risco de ameaça das espécies em território nacional.
A lista de animais ameaçados de extinção no Brasil, atualizada pela Portaria Nº 148 do Ministério do Meio Ambiente (MMA), de 7 de junho de 2022, inclui um total de 1.249 espécies.
Principais causas da extinção dos animais
A extinção de espécies animais é um fenômeno alarmante e acelerado, impulsionado por uma série de fatores relacionados principalmente à atividade humana. Veja quais são as principais ameaças para a extinção dos animais e que afetam diretamente a biodiversidade.
Desmatamento
O desmatamento está diretamente relacionado à agropecuária industrial, que é uma das principais responsáveis pela destruição de florestas em todo o mundo. A expansão de áreas agrícolas e pastagens para atender à crescente demanda por carne, soja, óleo de palma e outros produtos agrícolas é uma das causas centrais da perda de habitats naturais.
Na Amazônia brasileira, cerca de 80% do desmatamento está associado à criação de gado para a produção de carne bovina. Entre 2001 e 2015, mais de 36% das florestas desmatadas foram transformadas em pastagens.
A produção de soja, usada principalmente para ração animal em sistemas de pecuária intensiva, é outro grande motor do desmatamento. O Brasil é o maior exportador mundial de soja, e vastas áreas de florestas e savanas, como o Cerrado, são derrubadas para o plantio desse grão. Estima-se que 27% do desmatamento no Cerrado está diretamente ligado à produção de soja.
Mudanças climáticas
As mudanças climáticas estão acelerando a extinção de espécies ao alterar padrões climáticos e ecossistemas em todo o mundo. De acordo com a ONU, as mudanças climáticas podem causar a extinção de 1 milhão de espécies nas próximas décadas.
Um aumento de 1,5°C na temperatura global poderia eliminar 14% das espécies terrestres. Se a temperatura global subir para 2°C, o risco aumenta para 18%. Animais como o urso-polar estão perdendo suas fontes de alimentação à medida que o gelo do Ártico derrete, enquanto recifes de corais, essenciais para a vida marinha, estão morrendo devido ao aquecimento e acidificação dos oceanos.
As mudanças climáticas e o desmatamento estão intimamente interligados, pois um agrava o impacto do outro, criando um ciclo prejudicial ao meio ambiente e à biodiversidade.
Tráfico de animais silvestres
O comércio ilegal de animais silvestres é uma das maiores causas de declínio das populações de várias espécies, movendo bilhões de dólares anualmente. O tráfico de animais silvestres gera cerca de US$ 20 bilhões por ano, sendo o terceiro maior mercado ilegal do mundo, depois do tráfico de drogas e armas.
Cerca de 7.000 espécies de animais e plantas são afetadas pelo tráfico, incluindo elefantes, rinocerontes, tigres e papagaios. O Brasil é um dos principais alvos, com 38 milhões de animais retirados da natureza anualmente. Aproximadamente 90% dos animais traficados morrem durante o transporte.
O comércio legalizado de animais silvestres também está relacionado com o tráfico de fauna porque o mercado legal desperta o interesse das pessoas e normaliza o uso da fauna como um produto a ser consumido, fazendo com que mais pessoas tenham o desejo de ter um exemplar silvestre em casa.
Poluição e contaminação do meio ambiente
A poluição afeta o meio ambiente e os animais de várias maneiras, desde o envenenamento de ecossistemas até a contaminação dos alimentos. Mais de 8 milhões de toneladas de plástico são descartadas no oceano anualmente, causando a morte de 100.000 mamíferos marinhos e milhões de aves e peixes que ingerem ou ficam presos nos resíduos.
O uso de pesticidas nas plantações tem impactos devastadores sobre polinizadores como abelhas e borboletas, cujas populações estão em queda. Por exemplo, nos EUA, a população de abelhas caiu cerca de 40% em 2020.
A contaminação de corpos d’água por mercúrio e outros metais pesados prejudica peixes e predadores aquáticos, incluindo seres humanos. A poluição por mercúrio nos oceanos já afeta 82% da vida marinha.
Urbanização
A expansão das áreas urbanas desestabiliza ecossistemas naturais e reduz os espaços disponíveis para a fauna selvagem. Até 2050, a população mundial deverá atingir 9,7 bilhões de pessoas, e a área urbana global poderá aumentar em até 2,5 milhões de km², o equivalente a uma nova cidade do tamanho de Tóquio a cada mês.
A urbanização cria "ilhas" de habitats naturais, dividindo populações de animais e dificultando sua mobilidade. Espécies que precisam de grandes áreas para viver, como lobos e felinos, estão particularmente vulneráveis.
As cidades frequentemente substituem ecossistemas ricos em biodiversidade, como florestas e zonas úmidas. Estima-se que 10% das espécies terrestres estão ameaçadas diretamente pela urbanização.
Conclusão
A perda acelerada de espécies animais é um alerta claro de que estamos caminhando para um futuro com ecossistemas gravemente comprometidos. Para mudar essa realidade lançamos a campanha "Defaunação, não. Refaunação, já", uma iniciativa que chama a atenção para a necessidade urgente de reverter esse processo de destruição da vida selvagem.
Nosso manifesto defende uma série de ações fundamentais para garantir a sobrevivência dos animais em seus habitats naturais, como a restauração de áreas degradadas, a substituição do modelo agroindustrial por práticas mais sustentáveis, a criação de passagens de fauna nas rodovias, e o incentivo ao ecoturismo responsável.
Junte-se a nós para salvar a nossa fauna. Assine o manifesto em defesa da vida silvestre e ajude a combater os impactos da agropecuária industrial.