
A JBS ignora compromissos climáticos e busca mais investimentos. É hora de barrar sua expansão e exigir o fim do financiamento à destruição.
O mês de abril marca mais uma Assembleia Geral de Acionistas da JBS, quando os acionistas discutem e votam assuntos diversos, buscando alinhar a gestão aos seus interesses, que costuma ser basicamente a eterna maximização dos lucros. Em paralelo, a empresa acaba de receber sinal verde da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC - Security Exchange Commission em inglês) para estrear na Bolsa de Nova Iorque (NYSE), o que lhe renderá ainda mais capital para investir e ampliar suas operações.
Enquanto o mundo discute soluções para a crise climática, a maior produtora de carne do planeta vai na contramão e se movimenta para expandir suas atividades, marcadas por muitas violações e destruição.
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Abertura de capital: mais dinheiro para escalar a destruição
Desde 2016, a JBS vem tentando se listar na Bolsa de Nova Iorque. Agora, com o aval da SEC, caminha para concluir essa operação — que pode render bilhões de dólares a mais em investimentos.
O problema é que expandir um modelo insustentável, responsável por graves impactos ambientais e sociais não é o caminho que precisamos para enfrentar as mudanças climáticas. Segundo a organização Mighty Earth, a empresa esteve ligada ao desmatamento de mais de 125 mil hectares de florestas brasileiras entre 2019 e 2020 — área equivalente a quase toda a cidade de São Paulo.
A JBS não tem intenção o que prometeu
Em janeiro deste ano, o diretor global de sustentabilidade da JBS, Jason Weller, afirmou que as metas da empresa de zerar suas emissões líquidas até 2040 nunca foi uma promessa, mas apenas “aspirações”. Antes disso, a iniciativa SBTi já havia rebaixado o status climático da empresa para 'compromisso removido' em 2023, o que sinalizou a falta de intenção da JBS em de fato cumprir tais “aspirações”.
A declaração de Jason Weller, ainda foi acompanhada por outra revelação preocupante: a JBS não tem controle real sobre a sua cadeia de fornecedores, isentando seu envolvimento constante com o desmatamento.
Foram tantas denúncias e fatos graves que até o Estado de Nova Iorque entrou com uma ação, por meio da Procuradoria, acusando a empresa de enganar os consumidores com promessas ambientais que nunca teve intenção de cumprir.
Denuncie o greenwashing da JBS. Assine a petição
A maior poluidora da pecuária no mundo
A JBS ocupa o topo do ranking de emissões do setor pecuário. Um levantamento feito por organizações da sociedade civil em 2022 apontou que a empresa foi responsável pela emissão de 421 milhões de toneladas de CO₂ equivalente — mais do que países inteiros como Itália ou Espanha.
Em 2024, o Greenpeace revelou que a empresa emite mais metano do que gigantes do petróleo como ExxonMobil e Shell juntas.
Lavagem de gado: o elo entre lucro e ilegalidade
Mesmo após décadas de denúncias, a JBS continua incapaz de rastrear sua cadeia do começo ao fim, e comprando soja e gado de origem duvidosa, quando não ilegal. Um dos esquemas mais conhecidos é o da lavagem de gado — prática usada para “limpar” a ficha de animais criados em áreas desmatadas ilegalmente, transferindo-os para propriedades regulares antes do abate.
A manobra serve para maquiar a origem do animal. Essa prática, mantém a destruição ativa — longe dos holofotes e com os lucros intactos.
Exija o fim do financiamento à destruição
"Greenwashing não segura floresta em pé"
Para Marina Cobra Lacôrte, gerente de sistemas alimentares da Proteção Animal Mundial, é impossível falar em futuro sustentável enquanto investidores seguem alimentando empresas que contribuem diretamente para o colapso climático. “Investidores precisam enxergar além do greenwashing da JBS e olhar para o futuro. Desde 2021, quando lançou seu plano de emissão líquida zero, a empresa só vem recuando de seus compromissos com o clima e o meio ambiente e reforçando sua reputação com tanta denúncia. Ela tenta se expandir como se não houvesse amanhã, o que se depender dela, de fato não terá. Mas não deixaremos isso acontecer, a sede por lucro não pode superar a sede pela vida”.
O silêncio do BNDES fala alto
O BNDES ainda é acionista relevante da JBS, com mais de 20% das ações. Isso significa que parte dessa destruição vem sendo patrocinada com dinheiro público.
Enquanto a empresa ganha aval para estrear na bolsa americana, o banco não se manifestou como deveria, afinal o que o BNDES deve ao povo brasileiro é uma posição responsável, e não incentivar a expansão de práticas destrutivas, pelo contrário, direcionar esse dinheiro para limpar essa cadeia de produção.
A hora de agir é agora
A cada novo passo da JBS no mercado financeiro, mais distante fica a chance de um futuro justo e sustentável para todos nós. Vamos romper com esse modelo antes que seja tarde.
Para isso, lançamos a campanha Vilões do Clima — uma mobilização nacional que denuncia os impactos reais da JBS no clima, nos animais e nas pessoas.
Nossa exigência é clara: não podemos continuar financiando a destruição.
Acesse www.viloesdoclima.org.br e saiba como pressionar, assinar a petição e compartilhar a verdade.