Xamã, a rescued jaguar and victim if the wildfires in Brazil, is pictured in a transportation cage to his new wild enclosure.

Avanços pela fauna em 2024: impacto e transformação

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Conheça os principais avanços em 2024: de campanhas impactantes e parcerias estratégicas a resgates de fauna e conquistas históricas pela vida silvestre.

O ano de 2024 foi marcado por avanços significativos e desafios intensos para a proteção da fauna silvestre no Brasil. Em meio à emergência climática e ao impacto crescente da agropecuária industrial, a Proteção Animal Mundial liderou ações transformadoras para combater a defaunação e promover a refaunação. Da criação de campanhas impactantes, como “Defaunação, não! Refaunação, já!”, ao lançamento de documentários premiados e a parcerias estratégicas, reunimos esforços para proteger os animais e seus habitats naturais.

Nesta retrospectiva, convidamos você a revisitar as principais iniciativas e conquistas que mobilizaram milhares de pessoas em prol da causa animal, destacando histórias inspiradoras e avanços concretos que pavimentam o caminho para um futuro mais sustentável e compassivo.

Em julho de 2024 lançamos a Campanha “Defaunação, não! Refaunação, já!” e com ela, diversas ações e projetos que visam a proteção da fauna em vida livre. Entre os avanços, destacamos o lançamento de documentários, ações de mobilização pública, parcerias para reabilitação de fauna e avanços legais no Brasil. Mesmo com grandes conquistas ao longo do ano, não há dúvidas de que foi desafiador para quem se preocupa com o meio ambiente.

O último ano foi o mais quente da história e diversas catástrofes climáticas afetaram todos os animais, tanto fogo e seca quanto enchentes. Segundo monitoramento do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da UFRJ, 99% dos incêndios no Brasil são de origem humana, reforçando que a atividade humana contribui para a crise climática. No Brasil, o agronegócio é responsável por 74% das emissões de gases do efeito estufa e a 97% da área desmatada é convertida para plantio de soja e pastagem. Fica claro que o grande vetor para a destruição ambiental no Brasil é o modelo de produção alimentar.

“Esse foi um ano bem especial para nossa atuação no Brasil, começamos uma campanha nova focando em problemas que acontecem aqui e atuamos em diferentes frentes para garantir uma proteção real. Conseguimos expor os impactos que causam a defaunação e destacar a importância da refaunação para a conservação da biodiversidade.”, conta Júlia Trevisan, Coordenadora de Campanhas de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.

Acompanhe as nossas principais ações, que contaram com o empenho e a dedicação de diversas pessoas que nos ajudam a mover o Brasil e o mundo pela causa animal.

Música “Defaunação”

Em julho, lançamos a canção “Defaunação”, que foi interpretada por artistas renomados: Ney Matogrosso, Zahy Tentehar, Frejat, Letrux e Mahmundi. Foi o primeiro material da campanha e teve o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a perda acelerada de diversas espécies de animais silvestres em seus próprios habitats naturais, como consequência das ações humanas e especificamente do agronegócio. 

Assista o clipe da canção “Defaunação” e entenda de que forma o agronegócio impacta diretamente os animais silvestres.

Documentário “BR 163 – Progresso para quem?”

Lançado em setembro, o documentário denuncia a violenta expansão da agropecuária industrial ao longo da Rodovia BR-163, entre Mato Grosso e Pará. Além do desmatamento desenfreado, das queimadas e de tantos outros graves impactos do atual modelo de produção alimentar sobre os animais silvestres, a produção audiovisual também destaca as consequências do avanço nas comunidades locais que são afetadas por esse sistema.

Com essa obra, tivemos grandes conquistas. Ganhamos 3 prêmios e tivemos uma menção honrosa:

  • Prêmio de Melhor Roteiro no Web Series & Film Festival
  • Prêmio de de Melhor Filme na Mostra Ataíde do Cine Amazônias
  • Prêmio de Melhor Filme e Melhor Direção no Festival Offcine
  • Menção honrosa no festival Ozarks Film Summit & YonderFest, no Missouri nos EUA.

Assista ao documentário

Resgates emergenciais à fauna

Seguimos apoiando parceiros locais que atuam no Pantanal e Cerrado para reabilitar silvestres impactados pelo fogo. Em 2024, os graves incêndios que devastaram diversos biomas, principalmente o Pantanal, exigiram mais empenhos de todos. Conseguimos auxiliar diversos animais silvestres e garantir que tenham uma segunda chance em vida livre. 

Conheça a história das antas Melancia e Valente e dos tamanduás Fadinha e Joaquim que apoiamos em 2024.

Parceria com o Ibama

Em setembro celebramos o Acordo de Cooperação Técnica feito com o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). O objetivo da parceria é a construção de políticas públicas e reestruturação do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) no Pará para que o local vire uma referência nacional. Ao longo de 10 anos de parceria, vamos garantir maior otimização no atendimento e processo de reabilitação, promover cursos e capacitações sobre manejo animal, aprimorar protocolos de reintrodução, entre outras atividades.

Saiba mais sobre essa parceria.

Soltura do Xamã

Realizamos a soltura do Xamã em outubro, devolvendo uma onça-pintada de volta à natureza! Ao longo de 2 anos apoiamos o tratamento e a reabilitação de um filhote macho encontrado após um incêndio florestal no Mato Grosso. Agora ele é monitorado por rádio colar e traz dados importantes para a conservação da espécie. 

Para celebrar sua soltura e o Dia da Onça-pintada, em 29/11, realizamos uma grande ação na praia de Copacabana. Estampamos patas de onça gigantes na areia e tivemos cobertura do helicóptero da Globo.  Ele é um símbolo por ser o primeiro macho de onça pintada a ser reintroduzido no bioma Amazônico. Foi uma ação de comemoração e divulgação da história do Xamã que serve de exemplo  para destacar os impactos da agropecuária industrial.

Conheça a emocionante jornada do Xamã 

Ponto Animal

Retomando os eventos de rua e envolvimento com o público, fizemos 3 atividades ao longo do ano, duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro. Por volta de 1000 pessoas pararam para nos ouvir em cada ação e foi muito especial escutar que o público também se importa com a proteção da fauna.

O Ponto Animal é uma instalação que fazemos na rua para contar do nosso trabalho, com atividades lúdicas para crianças e distribuímos brindes. Sempre que realizamos essa ação, temos a oportunidade de convidar mais pessoas a se juntarem a nós em prol da causa animal, o que é muito importante pra gente.

Saiba como foram a ações na Avenida Paulista, e em Copacabana.

Inclusão da Refaunação no Planaveg

Em dezembro, na reta final do ano tivemos um grande avanço para a proteção da fauna silvestre! Conseguimos incluir o termo “refaunação” como um dos pilares do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg). É um enorme avanço porque reconhece as funções ecológicas dos animais como fundamentais para a dinâmica das florestas. Soltar animais em áreas de recuperação pode ajudar a restabelecer processos ecológicos importantes como dispersão de sementes e polinização. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, as contribuições ao Planaveg serão aplicadas para os anos de 2025 a 2028.

Saiba mais sobre essa conquista

As conquistas de 2024 mostram que, juntos, podemos transformar o futuro da fauna silvestre no Brasil. Cada campanha, resgate e parceria reforça nosso compromisso em enfrentar os desafios causados pela agropecuária industrial e a crise climática. Mas ainda há muito a ser feito.

Junte-se a nós para salvar nossa fauna

Ajude a combater os impactos da agropecuária industrial. Assine o manifesto em defesa da vida silvestre.

Ao enviar este formulário, concordo em receber mais comunicações da Proteção Animal Mundial e entendo que posso desistir a qualquer momento.

Saiba como usamos seus dados e como os mantemos seguros: Política de Privacidade.

Manifesto “Em defesa da Vida Silvestre”

“Defaunação, não! Refaunação, já!”

Este é um pedido para colocarmos fim à defaunação no Brasil.


Pedimos licença para falar pelos animais silvestres e expor o conjunto de ameaças que acontece dentro de seus habitats naturais.

Elas são muitas e chegam por todos os lados. A partir do momento que os humanos invadem áreas naturais e modificam os ecossistemas, devem se responsabilizar pelos impactos que trazem aos seus habitantes.

O desmatamento é a principal causa da perda de habitats no Brasil. Por meio dele não perdemos só árvores, mas destruímos também o lar e a vida de inúmeros animais. 

Neste momento, está acontecendo uma enorme perda de áreas naturais habitáveis em todos os biomas brasileiros, em especial na Amazônia e no Cerrado – que concentraram 85% do desmatamento do país nos últimos cinco anos, segundo dados do Mapbiomas.

E tem mais: 97% de toda essa área desmatada foi para uso da agropecuária. Florestas, campos e savanas, com as milhões de espécies que abrigam, estão sendo convertidos em monoculturas e pasto, acabando com sua biodiversidade.

Após o desmate, outras agressões ambientais aprofundam as ameaças aos animais silvestres. Como no caso das queimadas para a limpeza de terras que muitas vezes saem de controle e queimam novas áreas nativas, levando à carbonização, asfixia e queima de ninhos e tocas de milhares de espécies, como araras e lobos-guará, afugentando todos os animais que ali vivem e não é só isso.

Após toda devastação e destruição, vem a contaminação por agrotóxicos em lavouras estabelecidas.

Pressionada por esse conjunto de ações humanas que destroem seus habitats, a fauna silvestre, quando não se vê aprisionada em pequenos fragmentos de mata, é expulsa de seus locais de abrigo e alimentação ou obrigada a se deslocar, ficando exposta a atropelamentos em rodovias, ao tráfico de animais, aos conflitos com humanos, à fome e sede.

De acordo com o CBEE (Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas), estima-se que 15 animais silvestres morram atropelados por segundo no Brasil... Outros tantos, como antas, tamanduás e lobos-guará, para além dos insetos como abelhas e borboletas, adoecem ou morrem envenenados pelos agrotóxicos.

Fugir de seus lares em busca de sobrevivência faz com que os animais fiquem ainda mais vulneráveis à caça e ao comércio de silvestres, que é outra grande ameaça à fauna, sendo legalizado ou não.

Animais silvestres não nasceram para serem transformados em animais de estimação, tampouco para atenderem ao prazer sádico pela caça esportiva ou para entretenimento e selfies.

Infelizmente, a caça de silvestres no Brasil corre risco de ser legalizada, aumentando ainda mais a pressão que vem ocorrendo nos biomas brasileiros.

Os animais não são produtos para serem comercializados. Não podemos deixar que a nossa fauna seja caçada e comercializada para qualquer finalidade.

Nem prisioneiros nem refugiados

A fauna silvestre precisa de ambientes seguros, saudáveis e com espaço suficiente para existir. Como prevê a Constituição Federal, no artigo 225: é proibido práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção ou que submetam os animais à crueldade.

Para além de suas funções ecológicas, os animais também são seres sencientes, dotados de sentimentos, inteligência e autonomia. Eles são sujeitos de direitos e não objetos, como muitas legislações brasileiras passaram a reconhecer.

Entre seus direitos, está o da liberdade e o de viver plenamente de acordo com seus comportamentos naturais – e não como animais de estimação.

O desmatamento, a agropecuária industrial e o comércio de animais prejudicam o bem-estar animal e têm levado à defaunação, que é a perda de animais silvestres nos seus habitats naturais.

Refaunação já!

Atuamos para que os animais silvestres vivam em seus habitats, livres da exploração comercial e de ameaças, podendo expressar seus comportamentos naturais. Mas não basta apenas interromper a destruição ou restaurar áreas já desmatadas.

É preciso refaunar e trazer de volta os animais para as florestas!

Florestas vazias não conseguem se manter e prosperar de forma saudável. As soluções para isso já existem.

Por isso, defendemos:

Priorizar a restauração de áreas degradadas para corredores ecológicos da fauna, revertendo a fragmentação de habitats e o isolamento das espécies;

Substituir o modelo agroindustrial baseado em monoculturas e agrotóxicos pela agrofloresta e agroecologia, com uso de bioinsumos, para uma convivência mais harmoniosa e saudável da produção de alimentos com a fauna silvestre;

Tornar obrigatório as passagens de fauna nas rodovias brasileiras;

Incentivar e estruturar o turismo de observação de animais nos roteiros de ecoturismo e turismo regenerativo como alternativas econômicas sustentáveis para comunidades locais, sem a exploração comercial das espécies;

Aprimorar as leis brasileiras para que reconheçam os animais como sujeitos de direitos, sencientes e não objetos.
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