Biodiversidade: o que é, qual a sua importância e como preservar

Mergulhe na riqueza e complexidade dos ecossistemas, entenda o porquê cuidar da biodiversidade é proteger a vida e o equilíbrio do planeta. 

A biodiversidade é o conjunto de todas as espécies de vida na terra, formada pela variedade e pela interação dos seres e ecossistemas.  

Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, o Brasil é o país que conta com a maior biodiversidade do mundo, registrando mais de 116.000 espécies animais e 46.000 espécies vegetais.  

Este cenário de diversidade biológica é favorecido pela riqueza e variedade dos biomas e pelos recursos naturais abundantes encontrados no território nacional. 

Afinal, o que é biodiversidade?

A biodiversidade, também conhecida como diversidade biológica, é a variedade de vida existente no planeta, considerando animais, plantas, fungos e microorganismos, assim como sua diversidade genética e a variedade de ecossistemas em que participam.

O termo biodiversidade é relativamente novo e é formado pela combinação das palavras bio (vida) e diversidade (ampla variedade).  O conceito foi criado pelo biólogo americano Edward O. Wilson em seu livro "Biodiversity" publicado na década de 80, momento no qual foi percebido um aumento do interesse pela ecologia no mundo, apontado no final do século XX. 

Quais os tipos de biodiversidade?

A biodiversidade pode ser vista em diferentes escalas, desde o nível genético até o nível ecossistêmico.

Confira os três principais níveis de biodiversidade.

• Diversidade de espécies: é a variedade de espécies, também chamada de riqueza em espécie. Cada espécie ocupa um nicho no ambiente e exerce uma função ecológica que contribui para a  manutenção do ambiente em equilíbrio.
• Diversidade genética: é o conjunto das  informações genéticas encontradas na mesma espécie. Uma maior variedade de genes amplia a capacidade de adaptação e resistência das espécies.
• Diversidade de ecossistemas: envolve os diferentes habitats ou ecossistemas em uma região, como florestas, rios, lagos e desertos. Cada um deles apresenta condições e recursos específicos para o desenvolvimento de determinadas espécies.

Qual a importância da biodiversidade?

A biodiversidade permeia a sobrevivência de todos os seres vivos, pela formação e preservação dos ecossistemas naturais. A qualidade do ar, a variedade de alimentos e a ciclagem de nutrientes são exemplos que demonstram como dependemos da biodiversidade.

Ela é a engrenagem que sustenta ecossistemas saudáveis, proporciona benefícios diretos e indiretos para os seres humanos e contribui para a resiliência do planeta frente às mudanças ambientais.  

Muitos autores destacam que a diversidade biológica oferece serviços ecossistêmicos ao planeta, os quais são vitais para os humanos, como a renovação da fertilidade do solo, polinização, dispersão de sementes, sequestro de carbono da atmosfera, regulação do clima e controle de potenciais pragas e vetores de doenças. 

Vale lembrar da importância da diversidade biológica para processos naturais, como a polinização, dispersão de sementes, a renovação de recursos naturais, a regulação do clima, entre outros. Todos eles contam com o poder da biodiversidade para acontecer. Resumindo, a biodiversidade faz parte de importantes sistemas e demandas vitais, como:

• alimentação;
• preservação dos recursos naturais;
• fabricação de roupas e moradia;
• realização de processos da natureza;
• produção de recursos para a saúde;
• proteção da fauna, da flora e de seus habitats.

Diante desta tamanha importância (e das ameaças que vamos apresentar na sequência), fica evidente que preservar e proteger a biodiversidade é uma necessidade para garantir um futuro sustentável para as gerações futuras, e deve ser um compromisso de todos os indivíduos e organizações.

Quais são as principais ameaças à biodiversidade?

As principais ameaças à biodiversidade incluem uma combinação de  ações humanas. Veja quais são elas.

Degradação do meio ambiente

A agricultura, a urbanização, a mineração, a pesca indiscriminada e outras formas associadas ao desenvolvimento humano impactam na biodiversidade ao ocasionaram a depreciação do meio ambiente.

Essas atividades, quando executadas de forma intensiva e em grande escala, utilizam práticas que ocasionam empobrecimento, compactação e erosão do solo, poluem as águas, fragmentam os habitats e desequilibram os ecossistemas.

Perda de habitat

A agropecuária é a grande responsável pelas queimadas e pelos desmatamentos que acontecem no Brasil. Essa expansão destrói florestas e dificulta a sobrevivência dos animais silvestres, dando lugar, na maioria das vezes, para o plantio de grãos e criação de animais para a indústria.

Neste contexto, é preciso destacar o plantio da soja que serve de matéria-prima para rações  destinadas para a alimentação dos animais criados em confinamento para atender o sistema industrial.

Assista ao documentário “Floresta Racionada - O impacto da soja sobre animais silvestres e confinados” para entender como a produção intensiva da soja ocasiona a perda de habitat e outros efeitos destrutivos para a vida dos animais silvestres e os animais domésticos  confinados.

Poluição

O ar, água e solo são fundamentais para a biodiversidade. Porém, diante das ações humanas, a poluição se alastra nesses recursos naturais e impacta todos os seres vivos. 

Os principais poluentes são produtos químicos tóxicos, resíduos industriais, pesticidas agrícolas e plásticos que são lançados indiscriminadamente no ar, no oceano, em rios e no solo.

E todos nós sentimos! Os animais, as plantas e os seres humanos são impactados diariamente pela poluição, agregando prejuízos para a saúde das espécies e piorando as condições dos ecossistemas.

Mudanças Climáticas

As alterações no clima já são mais que percebidas. Afinal, eventos climáticos extremos, como mudanças de temperaturas bruscas, chuvas intensas e secas severas estão cada vez mais recorrentes.

A verdade é que essas mudanças climáticas são bem mais profundas do que sentimos no dia a dia, afetam diretamente os ecossistemas e ciclos de vida de muitas espécies e são consequências diante das ações humanas irresponsáveis e despreocupadas com o planeta.

O impacto do clima na biodiversidade é extremamente significativo, pois as variações climáticas exigem uma capacidade de adaptação que nem todos os seres vivos têm. 

Como exemplo, em 2019, o roedor Melomys rubicola foi identificado como o primeiro mamífero do planeta a ser extinto por causa do aquecimento global. Segundo os pesquisadores, o aumento do nível do oceano levou à diminuição do habitat do animal, o que impulsionou a extinção.

Tráfico de animais silvestres

O tráfico de animais silvestres é uma grande ameaça à biodiversidade, além de ocasionar danos ao bem-estar animal e de promover potencial risco à saúde humana. Atualmente, é o terceiro maior tráfico do mundo, perdendo para o comércio ilegal de drogas e armas.  

É primordial para o equilíbrio dos ecossistemas e preservação da vida dos animais, visto que cada espécie desempenha uma função no seu habitat, interage com outras espécies e isso reflete no cenário ambiental.

Da mesma forma, a introdução artificial de espécies em um determinado local no qual elas não são nativas, altera a dinâmica do ambiente e também ocasiona desequilíbrios no ecossistema. 

Espécies em extinção

É interessante ressaltar que a extinção de determinadas espécies é um processo que pode ser natural, mas que dura milhares de anos até que se concretize. 

Segundo análises de um grupo de pesquisadores internacionais, as atividades exercidas pelos seres humanos são capazes de acelerar este processo de extinção, através da caça de animais silvestres, da destruição de habitats naturais e da poluição.

Esse processo acelerado e “fora de tempo” impacta na biodiversidade. Aqui no Brasil, o Ministério do Meio Ambiente publicou a lista oficial de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção, apontando 3.209 espécies da flora e 1.249 espécies de fauna nessa situação.

Este levantamento monitora o risco de extinção e prevê ações para conservar as espécies identificadas. A lista é feita pelo ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, considerando os dados de 2015 até 2021. 

Biodiversidade Brasileira 

De acordo com dados do Relatório Nacional sobre a Biodiversidade, a fauna brasileira abriga mais de 100 mil espécies. A diversidade de plantas no Brasil é igualmente impressionante, com aproximadamente 50 mil espécies (nativas, naturalizadas e cultivadas).

A vasta extensão territorial do país, as incontáveis fontes de recursos naturais, e a geografia privilegiada dão excelentes condições para este cenário. Podemos destacar os biomas da Amazônia, da Mata Atlântica e do Cerrado como os mais biodiversos, mas por outro lado, os mais ameaçados pelas atividades humanas.

Biodiversidade da Amazônia

O maior bioma do Brasil, a Amazônia cobre cerca de 49% do território nacional. É conhecida por sua incrível diversidade biológica, abrigando uma variedade de espécies de plantas, animais e microorganismos. 

Os números da Amazônia relacionados à biodiversidade impressionam: o bioma abriga em torno de 40.000 espécies vegetais, 3.000 peixes, 1.000 aves, 450 mamíferos, 400 anfíbios, 400 répteis e quase 130.000 invertebrados.

Porém, o nosso tesouro nacional vem sendo agredido diariamente. O desmatamento, a exploração madeireira, a mineração ilegal e as mudanças climáticas representam sérias ameaças à biodiversidade.

Para você ter uma ideia, a pesquisa “How deregulation, drought and increasing fire impact Amazonian biodiversity”, em português “Como a desregulamentação, a seca e o aumento dos incêndios impactam a biodiversidade amazônica”, publicada na Revista Nature mostrou que aproximadamente  80% das espécies ameaçadas de extinção da Amazônia já foram impactadas pelas queimadas.

Biodiversidade da Mata Atlântica

A Mata Atlântica é o habitat de, aproximadamente, 20 mil espécies vegetais, 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes. 

Originalmente, sua extensão acompanhava boa parte da costa brasileira. Hoje, está reduzida a 12% de sua cobertura original, segundo relatório da Fundação SOS Mata Atlântica.

A exploração exacerbada da Mata Atlântica começou com a extração de pau-brasil e não parou mais. Hoje, a urbanização, degradação do habitat e o desmatamento seguem trazendo prejuízos.

Biodiversidade do Cerrado

O segundo maior bioma do Brasil abrange cerca de 21% do território nacional. A diversidade biológica e a quantidade de espécies nativas e exclusivas são diferenciais da biodiversidade do bioma.

Estima-se que existam 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas no Cerrado. Também, o bioma abriga em torno de 199 espécies de mamíferos, 837 de aves, 1200 de peixes, 180 de répteis e 150 de anfíbios.

Porém, é um dos biomas que mais sofre com as atividades do agronegócio. O desmatamento e as queimadas para a conversão das áreas em pastagens e agricultura ameaçam diariamente a biodiversidade.

O bioma perdeu 6 milhões de hectares de vegetação nativa na última década,o que representa mais da metade da sua cobertura original. Além disso, 137 espécies de animais que vivem no Cerrado estão ameaçadas de extinção.

Como preservar a biodiversidade? 

Diante da importância da biodiversidade para a sobrevivência de todos os seres vivos e para o equilíbrio do planeta, saiba que preservá-la só é possível com ações realmente transformadoras.  

Nós, da Proteção Animal Mundial, sabemos da importância da biodiversidade e os impactos que os animais silvestres sofrem quando ela está ameaçada. Por isso, acreditamos em mudanças sistêmicas, profundas e que criem movimentos de proteção para os animais e seus habitats. 

Com esse objetivo de mudança, lançamos uma petição que pressiona a empresa JBS a parar de financiar o desmatamento, uma das maiores ameaças para a biodiversidade. Assine a nossa petição e ajude-nos a pressionar a JBS a limpar sua cadeia de produção. 

Estamos vivendo uma emergência climática e o setor agropecuário é um dos principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa. A JBS precisa assumir sua responsabilidade que há tempos está contaminada pela devastação de habitats, condenando nossa fauna à morte.

Contamos com a sua ajuda para fazer com que a JBS tome medidas concretas e limpe sua cadeia de fornecedores de uma vez por todas.

Mais atitudes em prol da biodiversidade

Você pode ajudar a fazer grandes mudanças com pequenos atos. Confira algumas atitudes que ajudam na preservação da biodiversidade.

• Respeite áreas protegidas, como parques nacionais e áreas de conservação. Denuncie quando ver alguma infração nesses locais e cuide deles conforme as orientações ambientais.
• Impulsione a educação ambiental sempre que for possível. Vale compartilhar campanhas de sensibilização, conversar com sua família sobre biodiversidade, entre outras ações de conscientização.
• Acompanhe as políticas ambientais e a criação de leis para a preservação da biodiversidade.
• Escolha produtos de empresas comprometidas com o processo produtivo e com o uso consciente dos recursos naturais e práticas agrícolas sustentáveis, como costuma ser feito por pequenos produtores. 
• Apoie pesquisas científicas e programas de monitoramento da biodiversidade.
• Ajude a promover a participação ativa da sociedade na conservação da biodiversidade.
• Cobre medidas mais rigorosas para combater o tráfico ilegal de animais silvestres e plantas.

Dia internacional da Biodiversidade

A ONU instituiu o dia 22 de maio como o “Dia internacional da biodiversidade”, com o intuito de chamar a atenção para a importância da diversidade biológica e da preservação de todas as espécies e ecossistemas.

Participar de campanhas que fazem alusão à data, divulgar iniciativas e compartilhar informações sobre a importância da biodiversidade também são formas de contribuir com a preservação das espécies e dos ecossistemas. 

Como você pode perceber, a biodiversidade é um tesouro inestimável que sustenta a vida na Terra, fornecendo serviços essenciais, inspirando inovação e promovendo o bem-estar humano. No entanto, diante das crescentes pressões humanas e das mudanças ambientais, sua preservação torna-se mais urgente do que nunca.

Cabe a cada um de nós adotar práticas sustentáveis, apoiar a conservação de habitats e espécies, e trabalhar em conjunto para proteger e restaurar a diversidade biológica do nosso planeta para as gerações futuras.