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Defaunação: Um relato inspirador do letrista Carlos Rennó

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Confira como foi a composição do hino em defesa dos animais silvestres

A inspiração para criar a letra de “Defaunação” surgiu naturalmente quando recebi o convite da minha amiga Lisa Gunn Diretora, Executiva da Proteção Animal Mundial. Digo "naturalmente" porque esse é um tema que sempre me interessou, algo que já estava no meu radar há muito tempo: o que acontece com a natureza e, dentro dela, com seus seres vivos, tanto animais quanto vegetais. 

A excitação me tomou de assalto ao perceber todo o potencial que essa canção poderia ter. Esse pressentimento foi confirmado assim que comecei a pesquisar sobre os animais silvestres ameaçados de extinção no Brasil, com dados fornecidos pela própria Proteção Animal Mundial. Daí em diante, foi o velho jogo entre inspiração e transpiração que sempre guia meu processo criativo. 

 

Nesse trabalho, além de abordar os principais aspectos do tema, também me preocupei com o elemento formal e estilístico. A primeira etapa foi determinar o número de estrofes e versos, assim como suas respectivas medidas, para dar conta do conteúdo essencial. Depois de finalizar os versos, surgiu o título: uma sugestão da Júlia Trevisan, Coordenadora de Campanhas de Vida Silvestre, uma jovem da própria Proteção Animal Mundial, que propôs "Defaunação". Perfeito! Original, singular, diferente. 

No final, decidimos incluir informações traduzidas poeticamente na tela do clipe, quase ao término, para situar a mensagem dentro do quadro maior do processo de destruição ambiental em curso no Brasil. Essas informações não caberiam na letra da canção, mas são fundamentais para contextualizar tudo. 

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DEFAUNAÇÃO

(Péricles Cavalcanti e Carlos Rennó)

Da onça-pintada ao mico-leão-dourado e ao pica-pau, 
Da anta ao mutum, do boto ao cuatá, veado e ao urutau,
Milhões de animais silvestres agora vivem um stress fatal,
Perdendo habitat com a mutação climática mundial
E com a letal ação da agropecuária industrial.

Tucano, macaco-prego, preguiça, águia, lobo-guará,
Guaruba, raposa, tamanduá-bandeira ao deus-dará. 
Oh como uma espécie humana é tão desumana, oh deus, tão má
E nem tão inteligente pois atacando o ambiente, tá
Pilhando o planeta só pelo bruto lucro que a carne dá.

Coral, jacaré, queixada, tatu, queimados num fogaréu,
Bovinos e porcos e aves criados do modo mais cruel.*
Milhares de corpos num dos horrores mores perante o céu.* 
E todos são sencientes da natureza do seu papel,
E sentem felicidade e tristeza, como você e eu.

Aranha, ariranha, gato-maracajá, murucututu,
Calango, tucunaré, tangará, tiê-sangue, tuiuiú – 
Cuidar do seu bem estar sem deixar nem UM sapo jururu
Também é cuidar das plantas e dos biomas de norte a sul,
É bom para o mundo todo, pra todo mundo, pra mim e tu.

Da arara à tartaruga, ao araçari, beija-flor e mais: 
Da abelha ao zogue-zogue, ao cuxiú, peixe-boi e tais:
Os animais são humanos também e nós somos animais. 
Mas já abatemos a maioria deles, os ancestrais, 
Oh mãe, não podemos ameaçá-los nem extingui-los mais.


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