Conheça os principais responsáveis, os impactos para os animais e, principalmente, o que você pode fazer para ajudar!
O propósito da Proteção Animal é promover um mundo novo para os animais.
Acreditamos que os animais de produção merecem viver bem, livres da crueldade e da exploração. Assim como acreditamos que os animais silvestres têm o direito de viver na natureza, livres de qualquer forma de exploração e livres para prosperar em habitats naturais abundantes.
Nós vamos proteger os animais que estiverem sofrendo devido ao comércio da vida selvagem e à agropecuária industrial intensiva. Vamos atuar com parceiros de nossa confiança para resgatar os animais e contar as suas histórias para que todos entendam a necessidade e urgência da mudança.
E é por isso que estamos atuando na prevenção às grandes queimadas.
Entenda a seguir o motivo de as queimadas acontecerem todos os anos, conheça os principais responsáveis, os impactos para os animais e, principalmente, o que você pode fazer para ajudar!
Por que grandes queimadas acontecem todos os anos, principalmente no Cerrado e no Pantanal?
Todos os anos, o Brasil experimenta uma temporada de incêndios entre os meses de julho e outubro. É importante entender que o fogo faz parte da dinâmica natural dos vizinhos Cerrado, localizado em região de planalto, e Pantanal, situado na planície.
Mas os incêndios provocados pelo homem aumentam em quantidade e gravidade, como os ocorridos em 2020 no Pantanal, em que cerca de 98% dos incêndios florestais foram causados por atividades humanas, seja acidental ou criminosa.
A agropecuária tem vínculos historicamente documentados com o fenômeno na região, desde a década de 1970, principalmente no Cerrado, o que afeta diretamente a hidrologia do Pantanal, entre outras consequências. Além disso, a prática tem também avançado no próprio Pantanal, agravando o quadro.
O impacto severo ao longo do tempo, e que tem se acentuado, aparece associado à agropecuária industrial intensiva. A diferenciação é importante em relação a outras atividades no campo, de pequena ou até grande escala realizada de forma correta e responsável, que acabam inclusive afetadas pela modalidade desmedida.
No Cerrado, o principal ponto é o desmatamento para plantio de soja, e, no Pantanal, para pastagem. Segundo dados do MapBiomas, quase 16% da porção brasileira do Pantanal teve sua vegetação original removida até 2019, quase toda para pastagem, enquanto 47% do Cerrado já foi convertido, principalmente para a produção agrícola e pecuária.
“Na Proteção Animal Mundial identificamos que o principal problema no Pantanal, no Cerrado e nos demais biomas brasileiros é a ação humana motivada pela agropecuária industrial intensiva. É nosso papel impedir que os animais silvestres sofram com a perda dos seus habitats naturais, por isso alertamos a sociedade quanto à insustentabilidade e aos impactos que este sistema gera para o meio ambiente, os animais silvestres e a própria vida humana”, afirma João Almeida, diretor interino da organização.
Por que é tão difícil prevenir?
Existe um componente cultural forte entre os agricultores brasileiros de usar o fogo para limpar/preparar o terreno para produção. Mesmo quando proibida pela legislação brasileira, a prática ainda é feita, o que traz efeitos catastróficos para toda região onde ele acontece.
Outro ponto é que na época seca, a incidência de vento aumenta, contribuindo com o espalhamento do fogo.
Além da fiscalização por parte dos órgãos competentes, a prevenção às grandes queimadas passa pela educação/conscientização.
Com a demanda crescente por produtos de origem animal para alimentação humana, existe uma pressão para o aumento de terras cultiváveis para produção de monoculturas como soja e milho, principalmente para alimentar frangos e suínos, em criações no Brasil e no exterior. No processo de desmatamento para tais práticas agrícolas, muitas vezes há uso do fogo, resultando em queimadas incontroláveis.
Quais os impactos do fogo para a vida animal?
Os impactos diretos para os animais que estão na região afetada pelo fogo são:
- Queimaduras: grandes mamíferos têm maior “facilidade” para fugir do fogo por conta do tamanho e velocidade, mas geralmente sofrem queimaduras pelo corpo, principalmente na sola da pata.
- Morte: animais com maior dificuldade de locomoção (como cobras, lagartos e jacarés) acabam morrendo carbonizados por não conseguirem fugir em tempo;
- Intoxicação: todos os animais expostos à fumaça das queimadas sofrem com problemas respiratórios, asfixia, desidratação e desorientação;
- Perda do habitat: o fogo queima tudo, incluindo alimentos, tocas, ninhos e demais abrigos, deixando os animais desprotegidos e sem recurso alimentar. Vale lembrar que mesmo após o fim do fogo o ambiente continua degradado e demanda tempo para as plantas se regenerarem. Tudo isso afeta a cadeia alimentar: os incêndios acabam com o alimento de alguns animais menores, que servem de alimento para outros maiores, e assim sucessivamente ao longo da cadeia. Então, mesmo os animais que conseguem fugir acabam afetados, pois encontram dificuldades para encontrar alimentos, os que são provenientes das plantas ou outros animais (presas);
- Atropelamento e exaustão: os animais que conseguem escapar ficam desorientados por causa da fumaça, saem desesperados para longe do fogo, e acabam virando vítimas de acidentes ao atravessar rodovias. Outro motivo de atropelamento é a falta de recurso, o que leva os animais a se aproximarem de rodovias em busca de alimento, ocasionando acidentes.
- Interações negativas: na tentativa de se afastarem das regiões atingidas pelo fogo, alguns animais silvestres se aproximam de áreas urbanas ou fazendas, ocasionando contato com animais domésticos (como cães, gatos e gado). Estes contatos geram o risco de ferimentos (no caso de um ataque) e transmissão de doenças. Além disso, há possibilidade de encontros entre animais silvestres e humanos, levando riscos a ambos.
Como a Proteção Animal Mundial ajuda os animais atingidos?
Em parceria com iniciativas locais, as equipes realizam constante monitoramento à distância. Ao identificarem um animal que necessite de atendimento, avaliam a situação e atuam de duas formas:
- Havendo viabilidade, o atendimento médico é feito no local e o animal é solto em seguida, evitando o estresse do transporte e agilizando o atendimento.
ou
- Caso não seja possível o atendimento em campo, os animais são estabilizados e transferidos para um centro de atendimento próximo, podendo ser um hospital de campanha ou emergência, CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres) ou um instituto local especializado, onde são tratados.
A Proteção Animal Mundial apoia instituições locais, como Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que recebeu equipamento de captura e contenção de animais, equipamento de proteção pessoal para os profissionais, medicamentos para os animais em tratamento e suporte financeiro para o Centro de Atendimento Veterinário (Cavet).
A organização também contribuiu com apoio financeiro para garantir que os animais resgatados tenham atendimento médico veterinário, a compra de um carro e os custos de combustível, que são particularmente importantes para resgates em regiões remotas e para contornar dificuldades logísticas.
Outro parceiro com o qual a Proteção Animal Mundial atua é o Instituto Tamanduá, que recebe apoio com:
- Estruturação do centro de reabilitação para tamanduás-bandeira, localizado na Pousada Aguapé, com a construção de um novo recinto que prepara os animais para a soltura.
- Cuidado veterinário-pediátrico especializado para filhotes de tamanduá-bandeira, que precisam de cuidado constante já que se alimentam até 12 vezes por dia. Pelas particularidades próprias da espécie, este cuidado deve ser prestado por pessoal técnico capacitado.
- Rádio colares para realizar a soltura dos animais que finalizam o processo de reabilitação, já que é preciso fazer um monitoramento constante por até 12 meses dos seus deslocamentos, entender a área que estão ocupando e avaliar o sucesso do processo de soltura.
- Dieta para filhotes e juvenis de tamanduá-bandeira, incluindo substituto de leite, ração comercial de gato e suplementação.
Como você pode ajudar?
A primeira coisa a fazer ao identificar um foco de incêndio florestal ou desmatamento é acionar o órgão estadual competente.
Caso encontre um animal silvestre ferido, não o capture ou manipule. Entre em contato imediatamente com o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental ou alguma organização autorizada para o resgate no seu estado.
Além de ações diretas relacionadas ao fogo, você pode ajudar mesmo estando em áreas distantes das queimadas. Confira no nosso Guia de Consumo Consciente pequenas ações no seu dia a dia podem levar a grandes mudanças na indústria agropecuária. Ao assegurar o bem-estar dos animais de fazenda, garantimos alimentos com mais qualidade para nós e uma sociedade mais saudável, justa e sustentável.
É preciso conscientizar e agir para evitar que milhares de animais sofram a cada ano com focos de incêndio em todo Brasil.