A oferta de carne em grande escala e de baixo custo causa um grande impacto negativo na vida de bilhões de animais
Você sabia que o Brasil é o maior fornecedor de carne bovina do mundo? São mais cabeças de gado do que o número de brasileiros, o que representa o maior rebanho comercial bovino do planeta.
Nosso país é também um dos grandes produtores de frango, atrás apenas dos Estados Unidos. Porém, essa oferta de carne em grande escala e a baixo custo exige um sistema de criação animal altamente industrial e intensivo, causando grande impacto negativo na vida de bilhões de animais.
Nesse contexto, a pecuária industrial intensiva só será reduzida se houver uma diminuição do consumo de carne. Cabe ao consumidor reavaliar os seus hábitos de alimentação e optar por produtos que respeitem os animais, como aqueles que têm o selo de certificação de bem-estar animal. Uma mudança de atitude dos consumidores soará como uma alerta para as empresas de que o mercado exige produtos éticos e que beneficiarão milhões de animais.
Um estudo feito pela Proteção Animal Mundial, “Consumo às cegas”, revelou dados surpreendentes: 68% dos entrevistados disseram que comiam carne, pelo menos, quatro vezes por semana. Apesar do brasileiro ter um alto consumo de carne em comparação a outros países da América Latina, a maioria desconhece como os animais são criados ou abatidos (dois em cada três brasileiros), mas declararam que tem a preocupação com o método do abate. Do total, 91% dos entrevistados reconhecem que animais produzidos em um sistema de bem-estar produzem uma carne de melhor qualidade. Esta falta de conhecimento junto com as questões culturais estimulam a produção industrial intensiva.
Quanto ao local de compra, a pesquisa mostrou ainda que 71% preferiram realizar suas compras em supermercados, o que indica a responsabilidade das grandes redes na compra de produtos certificados com o selo de bem-estar animal e/ou oriundos de criações com altos níveis de bem-estar e a também a oportunidade do consumidor pressionar o varejo para a compra de produtos com bem-estar animal.
Mas, afinal de contas, quanto custaria o quilo da carne bovina, suína ou do frango se os protocolos de bem-estar animal fossem respeitados na produção e no abate? Os valores são muito pequenos perto da contribuição para impedir a crueldade contra os animais.
Uma parceria entre a Proteção Animal Mundial com a consultoria internacional IHS Markit estimou que, com um acréscimo de no máximo R$ 0,25 por lanche para o consumidor final, as redes de fast food poderiam evitar o sofrimento de milhões de frangos utilizados anualmente.
O preço do bem-estar animal
Com apenas R$ 0,38 por quilo de ave viva seria possível que todos os produtores do Brasil adotassem soluções simples capazes de garantir uma vida sem crueldade para os frangos, entre elas:
• Poleiros ou plataformas adicionadas a fardos de feno ou um pouco de grãos inteiros na dieta ajudam os frangos a expressarem seu comportamento natural;
• Cama de boa qualidade e seca para banhos de areia, conforto e saúde das penas e dos pés;
• Seis horas contínuas de escuro por dia, permitindo que as aves tenham um tempo natural de descanso;
• Proporcionar crescimento mais lento às aves, evitando problemas de saúde causados por um crescimento rápido e não saudável;
• Oferecer mais espaço nas granjas, em uma densidade de no máximo 30 kg/m², reduzindo problemas locomotores nas aves.