Apoio à prevenção de queimadas ajuda onças a resistirem no Pantanal. Filhotes de tamanduá são beneficiados por nova parceria
Comunicado de imprensa
Proteção Animal Mundial assiste ações do IHP na Serra do Amolar, com aquisição de nova picape e câmeras de monitoramento. Organização também iniciou acordo com o Instituto Tamanduá para ampliar esforço de resgate e tratamento de filhotes vítimas do fogo e atropelamentos
São Paulo, 29 de novembro de 2021 – Como parte de seu trabalho de prevenção das queimadas que anualmente assolam o Pantanal, a Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que trabalha em prol do bem-estar animal, esteve na região para dar continuidade ao suporte a ações realizadas por meio de uma rede local de parceiros encabeçada pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), membro do Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal (Gretap-MS). Com o fim da época seca, as organizações comemoram que graças ao trabalho em conjunto algumas das áreas sob atenção do IHP, na região da Serra do Amolar, em Mato Grosso do Sul (MS), permaneceram livres de queimadas em 2021. Além disso, uma nova colaboração direta foi estabelecida com o Instituto Tamanduá para ajudar na recuperação e reintrodução de espécimes amparados pelo projeto “Órfãos do Fogo”.
Especificamente junto ao IHP a destinação de fundos neste ano possibilitou a aquisição de um veículo novo que já está auxiliando as equipes na cobertura de uma área de 276 mil hectares, que inclui o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense e cinco Reservas Particulares do Património Natural (RPPNs), e na prestação ágil de assistência aos animais, com transporte deles aos centros de tratamento veterinário. Outro montante foi direcionado para a aquisição de oito novas câmeras trap importadas, equipamentos de monitoramento acionados por movimento e com visão noturna.
João Almeida, diretor executivo interino da Proteção Animal Mundial, e a bióloga Júlia Trevisan, membro do time de Vida Silvestre, fizeram reuniões na sede do IHP, em Corumbá (MS), e visitaram a região da Serra do Amolar, onde acompanharam a equipe técnica de instalação das câmeras. “As câmeras são importantes para acompanhar a atividade dos animais, dia e noite, e realizar atividades de pesquisa e preservação. Possibilitam, por exemplo, observar como eles estão utilizando as rotas de fuga preparadas pelas brigadas para que eles escapem rapidamente quando ocorre uma queimada”, explica Almeida.
Recentemente, um equipamento do tipo fez o registro de uma fêmea de onça-pintada, vista pela primeira vez, caminhando com dois filhotes dentro da Reserva Acurizal. “Sob a atenção do IHP, a área em que essas imagens foram captadas não foi queimada em 2021. Isso é fundamental para os esforços de proteção dos animais e conservação da biodiversidade na medida em que os habitats precisam de tempo de recuperação. Ver as onças prosperando é uma grande recompensa”, avalia o diretor.
Outros animais também avistados logo nos primeiros dias de uso das câmeras instaladas foram antas, catetos e tamanduás-bandeiras. “Isso prova a grande biodiversidade do bioma e a importância de proteger a região dos incêndios devastadores”, completa Júlia Trevisan.
Ao longo dos próximos meses novos recursos desta parceria serão destinados especialmente para a o aumento da capacidade do Centro de Atendimento Veterinário (Cavet) na base da Serra do Amolar.
Instituto Tamanduá
Em Aquidauana (MS), a dupla da Proteção Animal Mundial encontrou-se com o assessor global de Bem-Estar Animal do programa de Vida Silvestre, Roberto Vieto, para conhecer as instalações do Instituto Tamanduá. Ali a união de esforços é para a manutenção e construção de novos recintos, para apoio com serviços médicos veterinários para os filhotes resgatados de tamanduá-bandeira e para a aquisição de rádio-coleiras para monitorar os animais reintroduzidos na natureza.
O Instituto Tamanduá foi estruturado em 2005 e é também um dos fundadores do Gretap-MS. Diante de mais uma temporada de seca e queimadas em muitas áreas do bioma, o suporte da Proteção Animal Mundial está amparando neste momento 12 tamanduás-bandeira que haviam ingressado recentemente no centro.
“É claro que os incêndios afetam diretamente os tamanduás-bandeira quando são pegos pelas chamas ou brasas. Mas outra situação crítica frequente surge ainda no pós-fogo: com o habitat devastado pelas queimadas, sem fontes de alimento e água, os animais começam a se mover de seus locais originais e acabam sendo vítimas de acidentes rodoviários. Em qualquer dos casos, o tratamento adequado e a tempo é vital” , conta Vieto. “O projeto ‘Órfãos do Fogo’ é realizado por uma equipe qualificada, muito dedicada e que presta essa assistência com máximo cuidado para, durante o tratamento, não alterar os comportamentos naturais dos filhotes de forma a facilitar o processo de reintrodução”, detalha o especialista.
Na situação mais comum, os filhotes são encontrados sozinhos ou perto de uma mãe morta em uma estrada. A população avista os animais e comunica à Polícia Militar Ambiental para resgatá-los.
Em outros casos, as pessoas levam diretamente os animais ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), uma unidade pública, para receber os primeiros cuidados médicos. Esse resgate autônomo, entretanto, não é incentivado devido aos riscos de um manuseio inadequado dos filhotes. Antes de seguirem para o Instituto Tamanduá, os animais ficam no CRAS por um determinado tempo, o que depende da idade do espécime, estado de saúde, condições para ser transportado e autorização para isso.
Sob a atenção do IHP, a área em que essas imagens foram captadas não foi queimada em 2021. Isso é fundamental para os esforços de proteção dos animais e conservação da biodiversidade na medida em que os habitats precisam de tempo de recuperação. Ver as onças prosperando é uma grande recompensa