Combate à pesca fantasma, ao uso de silvestres como mercadorias, socorro na pandemia e mais. Relembre feitos globais para a Vida Silvestre nos últimos 10 anos
Comunicado de imprensa
Recordar conquistas ajuda a manter a motivação para enfrentar novas e velhas ameaças. Proteção Animal Mundial destaca os fatos que contaram com a intercessão direta da entidade em todo o mundo desde 2012
São Paulo, 20 de julho de 2022 – São muitos os desafios existentes à frente na luta pela defesa dos animais e pela proteção de seus habitats naturais. Mas olhar para trás e celebrar conquistas é fundamental para manter a persistência de um trabalho que não permite descanso.
Por exemplo, a partir de 2012 conseguimos dar visibilidade e apresentar caminhos para promover uma verdadeira mudança global para a vida nos oceanos em relação ao problema da pesca fantasma, causada por petrechos de pesca abandonados. Nesse período também contribuímos para mudar radicalmente a realidade da indústria de extração de bile de urso na Ásia. Ao canalizarmos uma pressão contínua das pessoas ao longo do tempo também mobilizamos gigantes do turismo a incorporarem práticas gerais de bem-estar animal e a se afastarem da exploração de golfinhos para o entretenimento humano.
No Brasil, viabilizamos a criação da moratória à pesca da piracatinga, que estava dizimando botos amazônicos usados como isca. Essa conquista, em particular, revela a importância da atenção constante da sociedade uma vez que, ao fim do prazo inicial, tem sido provisoriamente renovada sem a implantação de ações efetivas de preservação e correção do problema da pesca ilegal e vulnerabilidade social de populações envolvidas.
Correndo o risco de deixar alguns fatos de fora da relação a seguir, revisitamos e listamos os principais feitos que a Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que trabalha em prol do bem-estar animal, alcançou nos últimos 10 anos por meio do suporte de centenas de milhares apoiadores em todo o planeta e com a ajuda constante de parceiros locais e especialistas.
2012
Inovamos ao promover o “Untangled” – o primeiro simpósio do mundo sobre o impacto do lixo marinho no bem-estar animal. Este evento, parcialmente patrocinado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), inspirou 60 especialistas internacionais a assinar uma declaração comprometendo-se a tomar medidas para proteger os animais marinhos do mundo de sofrimento desnecessário. Ele estabeleceu bases sólidas para a Iniciativa Global de Combate à Pesca Fantasma (GGGI, na siga em inglês), que criamos em 2014.
Comemoramos o fim da dança do urso na Índia, esforço empreendido em conjunto com o governo indiano e o parceiro Wildlife Trust of India para erradicar esse entretenimento cruel. Juntos, treinamos mais de 400 oficiais indianos em técnicas de combate à caça furtiva. E através do nosso trabalho de educação, convencemos a população local de que a dança do urso é cruel e destrutiva para a população de ursos selvagens do país. Também persuadimos os donos de ursos a abrirem mão de seus animais em troca por formas alternativas de ganhar a vida.
Impedimos que centenas de leões marinhos fossem mortos pelo governo chileno, mobilizando 100 mil apoiadores, parceiros locais e pessoas para impedir o abate. Também lançamos uma campanha (“Seen and Not Hurt”) para estimular os operadores turísticos a pressionar o governo namibiano a parar com a morte de focas, cerca de 85 mil filhotes de e 6 mil adultos a cada ano. Nessa empreitada, evidenciamos como a observação das focas poderia ser muito mais benéfica na geração de receitas para o país do que a caça.
2013
Expusemos a prática cruel de produção café com o uso de civetas em cativeiro. Isso fez com que, até o final daquele ano, 20 grandes varejistas em cinco países – incluindo a Harrods, no Reino Unido – deixassem de vender o produto. Conhecido como Kopi Luwak, o café de civeta é uma das bebidas mais caras do mundo. Tradicionalmente, era extraído de grãos de café coletados na natureza depois de terem sido parcialmente digeridos e excretados por civetas livres – pequenas criaturas semelhantes a gatos. Com o tempo, a demanda crescente levou a práticas abusivas com a criação de civetas engaioladas, em péssimas condições, para a obtenção em escala dos grãos.
Mobilizamos 185 mil apoiadores para fazer com que a Cayman Turtle Farm, último criadouro do tipo no mundo, uma atração turística popular das Ilhas Cayman, no Caribe, protegesse efetivamente as 9,5 mil tartarugas-marinhas-verdes mantidas no local. As tartarugas estavam sujeitas a canibalismo, doenças e defeitos genéticos causados pelas péssimas condições da instalação. Nossa campanha levou a fazenda a recrutar um veterinário em tempo integral, a eliminar interações de tartarugas com turistas e a deixar de vender a carne de tartaruga como alimento. Também convencemos a fazenda a interromper a liberação anual de tartarugas na natureza como mera válvula de escape à própria incapacidade de fornecer procedimentos adequados para proteger os indivíduos de doenças.
Mobilizamos 2 mil líderes religiosos islâmicos no Paquistão para que difundissem entre seus seguidores mensagens contra as rinhas de ursos por meio do trabalho com o parceiro Centro de Pesquisa de Recursos Biológicos (BRC) daquele país. E continuamos a dar um refúgio seguro aos ursos salvos dessa prática em nosso santuário de ursos de Balkasar, administrado pela BRC. A rinha de urso (bear baiting) é um “esporte” cruel e ilegal em que cães são atiçados contra ursos amarrados, mutilados e indefesos diante de expectadores.
2014
Iniciamos nossa campanha “Sea Change” para salvar animais marinhos do emaranhamento e da morte nas 640 mil toneladas de petrechos de pesca – redes, linhas e cordas abandonadas – deixados nos oceanos anualmente. Fizemos isso criando um coletivo de especialistas influentes em solução de problemas da indústria de frutos do mar, governos, organizações internacionais e locais. Esse coletivo, mais tarde chamado de Iniciativa Global de Combate à Pesca Fantasma (GGGI, na siga em inglês), realizou sua primeira reunião em novembro.
Convencemos o governo brasileiro a proteger os botos da Amazônia de serem cruelmente caçados e mortos como isca de pesca. O governo introduziu uma moratória de cinco anos na caça como resultado de nossa campanha. Demos início a um trabalho com comunidades locais para encontrar alternativas ao uso de botos como iscas. Também realizamos programas de educação com essas comunidades incentivando crianças e animais a protegerem esses animais icônicos.
Resgatamos cinco ursos mantidos em cruel catividade e demos a eles um refúgio seguro no nosso santuário Libearty, na região de Zarnesti, na Romênia, onde se juntaram a outros 79 animais da espécie. A colaboração de apoiadores nos permitiu apoiar a parceira AMP (Asociatia Milionane de Prietnei / Associação Milhões de Amigos) para administrar o santuário e operar um programa de educação. Mais de 22 mil pessoas e 28 grupos escolares visitaram o santuário naquele ano e aprenderam a importância de proteger os ursos da Romênia.
2015
Lançamos a campanha “Silvestres. Não entretenimento” que expôs os problemas do turismo envolvendo animais silvestres, incluindo elefantes, leões, golfinhos, tigres e ursos sendo abusados para a diversão humana. Isso levou 88 empresas de viagens a se comprometerem, até o final daquele ano, a não mais vender ou promover passeios de elefante para seus clientes. A Thomas Cook, uma das maiores empresas de viagens do mundo, finalmente deu ouvidos a mais de 248 mil de nossos apoiadores e seguiu o mesmo caminho em 2016.
Continuamos a desenvolver parcerias de mudança da realidade da vida marinha, por meio da Iniciativa Global de Combate à Pesca Fantasma (GGGI), com grupos locais e nacionais dedicados a salvar animais do emaranhamento marinho. Com eles, removemos 92 toneladas de equipamentos abandonados – redes, linhas e armadilhas de lagosta dos mares e oceanos do mundo.
Contamos a verdadeira história por trás das atividades turísticas aparentemente inofensivas de passeios com leões, realização de selfies e acariciamento de filhotes na África. Nosso relatório sobre a indústria do turismo e a morte de leões no continente africano, lançado após o cruel extermínio de Cecil, um leão considerado tesouro nacional do Zimbábue, revelou a exploração inaceitável e a violência que os animais da espécie sofrem com a utilização para entretenimento.
2016
Mais de 558 mil pessoas se juntaram a nós no pedido à TripAdvisor para que parasse de promover e lucrar com o entretenimento da vida silvestre. Também lançamos nosso relatório “Check-out da crueldade: como acabar com os horrores do turismo com animais silvestres nas férias”, que expôs as dez atividades turísticas de vida selvagem mais cruéis do mundo. A ação dos apoiadores e a ampla atenção da mídia convenceram o TripAdvisor a anunciar que não venderia mais nenhuma experiência de vida silvestre envolvendo contato direto com animais.
Convencemos o governo do Reino Unido a continuar financiando a Unidade Nacional de Crimes contra a Vida Selvagem (NWCU), com sede em Londres, depois que ela foi ameaçada de fechamento. A NWCU trabalha em estreita colaboração com a Interpol para combater o comércio ilegal de vida silvestre que, em 2016, foi estimado em até £ 14 bilhões por ano. Londres continua a ser um centro internacional para tal tipo de comércio.
Trabalhamos com nossos parceiros no Vietnã, Coréia do Sul e China para acabar com o sofrimento de cerca de 25 mil ursos criados para a extração de bile, que é utilizada como medicamento pela medicina tradicional asiática. Dentre as iniciativas, testamos um programa de “microchipagem” no Vietnã para garantir que os criadores de ursos cumpram as leis existentes que impedem a produção de bile de urso. Ursos criados por sua bile sofrem intenso sofrimento. Eles são confinados ao longo de suas vidas em gaiolas tão pequenas que não podem se mover enquanto a bile é dolorosamente extraída de seus estômagos.
2017
Estimulamos a adesão de mais de 250 mil apoiadores, em apenas dois meses, para persuadir o gigante da mídia social Instagram a proteger os animais selvagens da crueldade de serem usados como adereços de selfies. Nossa campanha foi motivada por um aumento de 292% no número de selfies de animais selvagens postadas publicamente no site de mídia social de 2014 até então. O Instagram introduziu páginas de alerta e educação sobre abuso de animais selvagens por selfies, tráfico de animais e turismo irresponsável.
Promovemos a “microchipagem” de 230 ursos cativos no sul do Vietnã como parte de nosso trabalho para garantir que nenhum novo animal da espécie ingresse na horripilante indústria de extração de bile. Começamos a implantação dos microchips em 2016 e até o final de 2017 o número de ursos em cativeiro já havia caído caiu 69% para 1.350 indivíduos. Este projeto continua em curso, juntamente com outras atividades de proteção dos ursos realizadas pelos parceiros Education for Nature – Vietnam e Four Paws. Até o final de 2021 havia 314 ursos deixados em fazendas de ursos no Vietnã.
Seguimos na liderança da Iniciativa Global de Combate à Pesca Fantasma (GGGI) lançando oito projetos de proteção de animais marinhos, todos eles especificamente vinculados a equipamentos abandonados de pesca em todo o mundo. Dentre eles esteve a iniciativa para remover, ao final do projeto, quase 8.000 m² de redes ilegais no habitat da toninha vaquita, criticamente ameaçada em San Felipe, no México, para posterior reciclagem. Também apoiamos o desenvolvimento de um aplicativo de registro e de construção de um banco de dados sobre equipamentos abandonados de pesca, lançado no ano seguinte, para ajudar a construir uma compreensão global sobre o assunto.
2018
Com 59.327 novas adesões durante o ano, celebramos um total de 1.639.576 pessoas mobilizadas desde 2015 em apoio à campanha “Silvestres. Não entretenimento” para proteger animais selvagens de abuso e crueldade.
Desnudamos o sofrimento generalizado de animais silvestres – incluindo golfinhos, orangotangos e elefantes – em 26 locais de turismo na Indonésia, incluindo Bali, Lombok e Ilhas Gili, através do nosso relatório “Parques de abuso da vida selvagem”. Isso motivou empresas como Qantas, FlightCentre e Apollo a parar de promover os locais.
Atraímos 37 novos membros, incluindo Thai Union, Bumblebee, Nestlé e Tesco, para a Iniciativa Global de Combate à Pesca Fantasma (GGGI) a fim de combater as mortes e ferimentos causados à vida marinha por equipamentos de pesca abandonados, perdidos e descartados. Eles elevaram o número total de membros desse influente coletivo para 100. No final do ano, entregamos o bastão da liderança da GGGI à Ocean Conservancy, grupo ambientalista sem fins lucrativos, com sede nos EUA, dedicado a salvaguardar a sustentabilidade dos oceanos do mundo.
2019
Apoiamos dois locais de elefantes na Tailândia – ChangChill e Following Giants – para se tornarem exemplos inspiradores de negócios amigos dos animais, atrações turísticas destinadas exclusivamente à observação dos membros da espécie. Também obtivemos o comprometimento de mais outras 17 empresas do setor de turismo a se tornarem amigas dos elefantes, elevando o total no final do ano para 260 empresas do tipo.
Lançamos a campanha global “Não se engane com um sorriso” para acabar com o sofrimento dos mais de 3 mil golfinhos em cativeiro todo o mundo. Nosso relatório de referência – "Por trás do sorriso" – descreveu a gigantesca escala e lucratividade da indústria multibilionária de entretenimento com golfinhos. A maioria dos golfinhos em cativeiro vive em tanques pequenos e estéreis medindo apenas 444 m² em média – 200 mil vezes menores do que uma estimativa conservadora da área selvagem de alcance de um golfinho.
Conquistamos um embargo global da Turkish Airlines para parar de transportar papagaios-do-congo, um dos animais mais traficados do mundo. Milhares de indivíduos da espécie são caçados na natureza anualmente. Muitos morrem após a captura, durante o transporte, e nunca chegam ao destino final. Nós mobilizamos mais de 190 mil pessoas que pediram à Turkish Airlines que parasse de transportar esses papagaios.
2020
Mobilizamos mais de 1 milhão de pessoas em apoio à nossa campanha #MeDeixaSerSelvagem em resposta à pandemia de Covid. Aumentamos a conscientização em massa sobre a ligação entre a exploração de animais selvagens e a transmissão de doenças para as pessoas e pressionamos os países do G20 a agir.
Durante o primeiro ano da pandemia de Covid, quando o turismo parou por completo, mobilizamos pessoal e recursos para manter à salvo da inanição, na Ásia, os elefantes de 12 acampamentos de alto bem-estar, que se destinavam somente à observação dos animais. Dez desses locais estavam localizados na Tailândia, um no Nepal e um no Camboja. O conceito de alto bem-estar aplicado correspondia a uma situação em que turistas que visitavam os atrativos até então se limitavam a observar os elefantes se alimentando, pastando e socializando uns com os outros em seus próprios termos. Dois dos acampamentos apoiados foram ChangChill e Following Giants, os quais já havíamos estabelecido como modelos de turismo amigável aos elefantes.
Lançamos um apelo de emergência para dar apoio financeiro vital para ajudar a alimentar e cuidar dos ursos no santuário Libearty, na região de Zarnesti, na Romênia, administrado pela parceira AMP (Asociatia Milionane de Prietnei / Associação Milhões de Amigos). A pandemia de Covid fez com que as receitas de visitantes, uma fonte crítica de financiamento, secassem por completo. O socorro dos apoiadores permitiu que a AMP conseguisse pagar os custos operacionais e até possibilitou trazer mais seis ursos, que estavam sendo explorados, para a proteção do santuário. Ao final do ano, o santuário estava cuidando de 107 ursos.
Ingressamos na World Cetacean Alliance para promover o programa de Sítios Patrimônios das Baleias. Esta acreditação global reconhece destinos excepcionais que implementam e celebram a observação responsável e sustentável de baleias e golfinhos. Propusemos Tenerife-La Gomera na Espanha, Dana Point nos EUA e Algoa Bay, África do Sul como potenciais patrimônios. Eles receberam o status de Patrimônio das Baleias em 2021.
2021
Ajudamos a alcançar um compromisso com a proibição da criação de leões em cativeiro pelo governo da África do Sul após uma campanha de dois anos com o parceiro Blood Lions e outras organizações. Quando convertida em lei, a proibição interromperá os abusos infligidos a até 12 mil leões em cativeiro criados anualmente para caça, interações turísticas e para o comércio de medicina tradicional asiática.
Alcançamos um marco incrível canalizando o poder das pessoas quando a Expedia – uma das maiores agências de viagens do mundo – proibiu as vendas e a promoção de entretenimento com golfinhos. Mais de 350 mil apoiadores mantiveram a pressão, ao longo de três anos e meio, pedindo por mudanças por parte da gigante global do turismo por meio de nossas campanhas “Não se engane com um sorriso” e #NoTanksExpedia.
Celebramos quando o efeito da pressão contínua sobre o governo da Coreia do Sul, com nosso parceiro de longa data Green Korea United (GKU), resultou em uma conquista histórica em relação aos ursos de criação do país: a extração de bile de urso será interrompida no país a partir de 1º de janeiro de 2026. O governo sul-coreano também aprovou o orçamento para um abrigo de animais para proteger ursos resgatados da criação ilegal. Penalidades mais severas para delitos agravados contra a vida silvestre, incluindo a criação ilegal de ursos, também foram introduzidas.