Prisão boliviana alimenta comércio ilegal bilionário de animais silvestres, é o que mostra imagens obtidas pela Proteção Animal Mu
Comunicado de imprensa
Bolívia é classificada como um país de trânsito, atuando como uma importante fonte e ponte para o comércio ilegal de vida selvagem entre o Brasil e o Peru
A Proteção Animal Mundial divulga imagens do comércio ilegal de animais silvestres liderado por prisioneiros na Bolívia. Esse conteúdo mostra que os detentos de Mocovi, em Trinidad, fabricam carteiras, chapéus, cintos e bolsas com peles de onças-pintadas, cobras, jacarés e queixadas fornecidas por caçadores e vendedores do mercado local. Além disso, todo o material é divulgado e comercializado pelo próprio diretor do presídio nas redes sociais.
A Bolívia é classificada como um país de trânsito, atuando como uma importante fonte e ponte para o comércio ilegal de vida selvagem entre o Brasil e o Peru, embora o contrabando de animais silvestres ocorra por meio de todas as suas fronteiras, que também incluem Argentina, Chile e Paraguai.
Os produtos acabados são comprados de volta pelos vendedores a preços negociados pelos fabricantes, transportados para fora da cadeia e depois vendidos nos mercados locais, principalmente para estrangeiros. O conteúdo expõe uma engrenagem vital na intrincada infraestrutura do crime global que facilita o comércio ilegal de animais selvagens ameaçados no país, que busca se tornar um refúgio reconhecido para um dos grandes felinos mais icônicos do mundo.
"Animais ameaçados como a onça-pintada não têm chance se as próprias leis para os proteger forem flagrantemente ignoradas ou não aplicadas - mesmo dentro das cadeias. Esse trabalho ilegal está alimentando a crescente demanda nacional e internacional por partes do corpo de animais, o que está impulsionando a caça e o tráfico ilegal em toda a América Latina e ameaça os esforços de conservação. Identificar os processos e facilitadores complexos e secretos tem se mostrado difícil – até agora. Este filme fornece evidências vitais para as autoridades bolivianas aplicarem suas próprias leis para salvar e proteger a vida selvagem, e sua reputação internacional”, relata Roberto Vieto, conselheiro Global de Bem-Estar Animal da Proteção Animal Mundial.
As florestas do município de San Borja, no norte do departamento de Beni, na Bolívia, são identificadas como o local privilegiado para caçadores de onças-pintadas, que compõem a maior parte da cadeia de fornecimento ilegal de corpos de animais da prisão de Mocovi.
De acordo com a lei boliviana, aqueles que forem pegos trabalhando no comércio ilegal de animais silvestres podem pegar até seis anos de prisão se forem condenados. Não se sabe se algum dos presos envolvidos na produção dos itens para o mercado, está cumprindo pena por caça ilegal.
"As imagens fornecem evidências importantes de falha na aplicação da lei e falta de vontade política na Bolívia, que precisam ser urgentemente abordadas para evitar a crueldade da caça furtiva de grandes felinos e proteger a onça-pintada. Mas a lei por si só não vai acabar com o comércio ilegal de animais silvestres. Precisamos acabar com a demanda dos consumidores nos países que exploram essas espécies ameaçadas. Precisamos que a lei funcione ao lado de campanhas de conscientização pública e de mudança de comportamento. Só assim a Bolívia e outras nações da América Latina podem ser defendidas como redutos seguros para populações de onças-pintadas selvagens e outros animais ameaçados", afirma o chefe global de pesquisa de vida selvagem da Proteção Animal Mundial, Neil D'Cruze.
A Proteção Animal Mundial alertou o Ministério do Meio Ambiente boliviano sobre essas evidências e pede ao governo central que implemente uma aplicação completa da lei para proteger toda a vida selvagem - e especialmente as onças-pintadas ameaçadas.