Proteção Animal Mundial atua na soltura de dois tamanduás-bandeiras, Cecília e Darlan
Comunicado de imprensa
Vítimas do desmatamento e incêndios na região do Pantanal, os animais estavam sob os cuidados do Instituto Tamanduá desde 2021
A Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que trabalha em prol do bem-estar animal há mais de 70 anos, atuou na reintrodução de dois tamanduás-bandeira, Cecília e Darlan. Ambos foram resgatados nos incêndios no Pantanal em 2021. A organização aumentou a capacidade de reabilitação com a construção de mais um recinto de imersão, viabilizou a compra de seis rádios-coletes, custeou a alimentação dos animais, além de arcar com parte dos gastos veterinários.
A Proteção Animal Mundial atua como patrocinadora e consultora do projeto Órfãos do Fogo, criado para assistir os animais resgatados dos incêndios e realizado pelo Instituto Tamanduá. "A parceria com a Proteção Animal Mundial começou em 2021 e veio em um momento muito importante, quando a gente recebeu um volume muito grande de animais logo após os incêndios que ocorreram aqui no Pantanal. Essa parceria fez com que a gente pudesse trazer os animais do CRAS e começar esse projeto a longo prazo”, declara Flávia Miranda, presidente e fundadora do Instituto Tamanduá.
Os animais chegaram ao Instituto Tamanduá após serem resgatados pela Polícia Ambiental. Cecília foi encontrada ao lado de sua mãe, vítima de um atropelamento. Provavelmente, o animal fugiu do incêndio e de uma área devastada pelo fogo, à procura de um local mais adequado para viver com os recursos necessários. Já Darlan foi localizado em junho de 2021. Ele estava sozinho em área rural próxima a um incêndio, com apenas 20 dias de vida.
“A soltura é uma oportunidade para alertarmos a população sobre o impacto dos incêndios no habitat de milhões de animais silvestres. Muitas vezes, as queimadas são originárias da plantação de grãos para alimentação de animais de produção, ou seja, estão diretamente ligadas à alta demanda pelo consumo de carne e às escolhas individuais que fazemos todos os dias”, conta Roberto Vieto, Global Animal Welfare Advisor da Proteção Animal Mundial.
Na sequência foram encaminhados para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande. Depois de receberem o atendimento necessário, Cecília e Darlan passaram a ser cuidados em um recinto de adaptação. No local, foram estimulados para aprender comportamentos naturais de sua espécie até atingir a maturidade. Agora, com quase dois anos, estão seguros para voltar a viver uma vida selvagem.
“No recinto de adaptação, os tamanduás apresentaram comportamentos bem diferentes. Cecília sempre teve um instinto mais exploratório, enquanto Darlan era mais desconfiado e medroso. Esse comportamento foi totalmente diferente no momento da soltura, Darlan logo se aventurou na vegetação fechada, já Cecília demorou algum tempo para começar a se expressar com mais naturalidade”, conta Júlia Trevisan, analista de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial. “Entender que cada animal tem uma personalidade única é a base do trabalho da Proteção Animal Mundial, a senciência animal norteia todas as nossas ações, campanhas, projetos e parcerias”, completa Júlia.
Cecília e Darlan serão monitorados com o auxílio de rádio-colar por dois anos. Dessa forma, as equipes conseguirão avaliar o sucesso da reabilitação e se Cecília procriou. Além de olhar para o indivíduo, o equipamento serve como instrumento de pesquisa, ajudando a entender os comportamentos naturais e deslocamento em vida livre.
Projeto Órfãos do Fogo
O projeto Órfãos do Fogo surgiu no começo de 2021, iniciativa do Instituto Tamanduá em parceria com a Pousada Aguapé, recebeu e cuidou de 16 animais que ficaram órfãos em decorrência dos incêndios que atingiram o Pantanal em 2020.
A iniciativa na pousada de Aquidauana visa um processo longo e trabalhoso de reabilitação de filhotes resgatados.
"O projeto Órfãos do Fogo surgiu com uma necessidade após os grandes incêndios de 2019 e 2020. Houve uma grande mortalidade da nossa fauna, principalmente do tamanduá bandeira, que é um dos animais mais acometidos pelos incêndios. O CRAS de Campo Grande passou a receber muitos filhotes, por atropelamento das mães, queimadas e perda de habitat”, finaliza Flávia.