500 dias para COP 30: imagem da floresta amazônica em chamas pelo desmatamento

500 dias para a COP 30: um alerta sobre os desafios da redução das emissões dos sistemas alimentares

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A chamada COP da revisão de metas será uma oportunidade para que as partes assumam compromissos mais audaciosos no combate ao aquecimento global.

Estamos a 500 dias para o início da COP 30, que acontecerá em Belém (PA) de 10 a 21 de novembro de 2025, e um dos maiores desafios do período será sensibilizar as partes para que avancem nos compromissos para a redução das emissões provocadas pelo atual modelo de Sistemas Alimentares, que inclui a agropecuária industrial e o intenso desmatamento dos biomas provocado pela atividade.

Tudo isso, torna os Sistemas Alimentares a segunda maior fonte de emissões de gases poluentes na atmosfera, perdendo apenas para o setor de energia. O modelo é responsável por um terço das emissões de gases de efeito estufa no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Natália Figueiredo, gerente de políticas públicas aqui da Proteção Animal Mundial, enfatiza que a COP 30 será crucial para a revisão das NDCs (metas autodeclaradas dos países para a redução de emissões de gases de efeito estufa).

A COP das revisões das NDCs colocará os olhos do mundo em Belém. Será uma oportunidade para o Brasil liderar pelo exemplo e adotar metas corajosas para reduzir as emissões dos sistemas alimentares.

O primeiro passo seria parar de ampliar as plantas de produção animal. "A terra já utilizada pela pecuária é suficiente para alimentar o mundo. O problema é a má distribuição, que impede que a comida chegue a todos. O Brasil pode liderar com sistemas agroflorestais e regeneração ecológica, garantindo soberania alimentar e proteção climática", explica Figueiredo.

Antes da discussão do clima aterrissar no Pará, ainda há outra edição no meio, a COP 29, que será realizada em novembro deste ano, em Baku, no Azerbaijão.  

“Se na COP 30 as partes estarão voltadas para a revisão de metas, na COP 29 a discussão será em torno do financiamento. A expectativa é que, de fato, os países desenvolvidos se comprometam a fazer os pagamentos dos valores necessários para financiar os meios de implementação das mudanças necessárias nos sistemas alimentares, de forma que possam começar a se tornar sustentáveis”, explica.  

Evolução da pauta de sistemas alimentares

Apesar de a conferência do clima existir há mais de três décadas, o modelo de Sistemas Alimentares passou a fazer parte das discussões apenas em 2017,  na COP 23, em Bonn, na Alemanha. Na ocasião, foi criado um grupo de trabalho temporário sobre agricultura com o objetivo de abordar conjuntamente questões relacionadas à agricultura, às mudanças climáticas e à segurança alimentar e nutricional.  

Na COP 27, em Sharm El-Sheik, no Egito, em 2022, o grupo de trabalho temporário teve o mandato prorrogado por mais quatro anos com foco na implementação da ação climática na agricultura e na segurança alimentar. Nessa edição ocorreu outro avanço, a criação de cinco pavilhões – Comida e Agricultura, Comida para o Clima, Sistemas Alimentares e Saúde – para a discussão do tema. 

O marco mais relevante aconteceu na COP 28, em Dubai, no ano passado, com a Declaração de Sistemas Alimentares.  

“Apesar de ser uma declaração rasa, foi um avanço para a agenda de sistemas alimentares. No documento, 160 países, incluindo o Brasil, firmaram o compromisso de acelerar a integração da agricultura e dos sistemas alimentares na ação climática e, simultaneamente, a integrar a ação climática nas agendas políticas e ações relacionadas com a agricultura e os sistemas alimentares”, detalha. 

Próximos passos 

Na Conferência de Bonn, realizada em maio de 2024 e que serviu como um preparativo para a COP 29, os países acordaram em seguir um roteiro até a COP 31, daqui a dois anos.  Este processo incluirá o desenvolvimento de um relatório de síntese, a criação de um site e a organização de dois workshops voltados para sistemas alimentares. O primeiro será em 2025, antes da COP 30, em Belém. Os planos e propostas objetivas para o grupo de trabalho precisarão ser submetidos até 2026.

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