União Europeia proíbe o uso indiscriminado de antibióticos em animais de fazenda
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As novas leis entraram em vigor no dia 28 de janeiro de 2022 e a expectativa é de efeito positivo em outros países, inspirando a modernização de leis que visem a promoção de sistemas mais éticos e sustentáveis
Na última sexta-feira (28), entraram em vigor na União Europeia (UE) novas leis proibindo que animais de fazenda nos países membros sejam alimentados rotineiramente com rações contendo antibióticos.
Um dos regulamentos deve impactar mercados internacionais, incluindo o Brasil, uma vez que o bloco, que é o maior importador de alimentos do mundo, também rejeitará a entrada de animais vivos ou de produtos de origem animal nos quais antibióticos tenham sido usados como promotores de crescimento (tal finalidade já estava proibida internamente na Europa desde 2006).
Em toda a Europa, mais de 300 milhões de animais de fazenda são criados em gaiolas e 7,2 bilhões de frangos de corte são produzidos a cada ano. A maioria desses animais sofre em sistemas industriais intensivos, onde recebem antibióticos em sua ração ou água para evitar que eles adoeçam devido às péssimas condições em que são mantidos.
A nova legislação significa que apenas animais doentes e individualmente (e não rebanhos inteiros) podem receber antibióticos. Ou seja, torna-se ilegal o uso indiscriminado de antibióticos para compensar ou mascarar práticas com baixos níveis de bem-estar animal.
“Enaltecemos esse avanço. É a iniciativa mais progressista de que temos notícia e um exemplo a ser seguido em todo o mundo”, destaca José Ciocca, gerente de campanha de Agropecuária Sustentável da Proteção Animal Mundial. “O uso irresponsável de antibióticos na criação industrial intensiva de animais é uma prática que está fomentando outro grande problema: a resistência antimicrobiana. Isso ameaça jogar por terra as conquistas de proteção à saúde humana alcançadas pela medicina moderna. A solução mais correta do ponto de vista ético e científico é eliminar a dependência de antibióticos nas criações por meio do aumento dos níveis de bem-estar animal no sistema. Animais felizes são naturalmente mais saudáveis”, explica Ciocca.
Bactérias multirresistentes e a saúde pública
Cerca de 75% dos antibióticos do mundo são usados em animais de fazenda, especialmente nos sistemas industriais intensivos. Em contraste a essa realidade, os animais que vivem em fazendas com altos níveis de bem-estar são mais saudáveis e mais resistentes a doenças - não dependendo de antibióticos para se manterem saudáveis.
Esse uso excessivo de antibióticos está resultando em uma crise global de saúde pública, com até 3.500 mortes humanas diárias em todo o mundo por infecções resistentes a antimicrobianos.
“Dentro dos galpões fechados, os frangos crescem tão rápido que têm dificuldade para caminhar ou permanecer em pé por períodos longos. Já os leitões são desmamados precocemente e rotineiramente submetidos a práticas de mutilação, como corte de cauda, dente, mossa e castração. Bilhões de animais nascidos em fazendas industriais atravessam a vida nessas condições. Isso pode até fornecer carne a baixo custo para as pessoas, mas nós também já estamos pagando o preço com nossa saúde”, afirma Daniel Cruz, coordenador de Agropecuária Sustentável da Proteção Animal Mundial.
Uma mudança positiva para todo o mundo
Como a Europa é o maior importador de alimentos do mundo, essas novas regulamentações terão um impacto global. Isso porque o bloco rejeitará importações de animais vivos ou produtos de origem animal onde os antibióticos tenham sido administrados para promover o crescimento acelerado dos animais.
Os possíveis impactos econômicos para o Brasil em função das limitações à importação de animais ou derivados que tenham recebido antibióticos ainda precisam ser estimados. Mas é certo que a condição deve estimular a ampliação do enfoque de bem-estar nas criações, além de favorecer inicialmente os produtores que já adotam práticas responsáveis.
É imprescindível que a União Europeia implemente e faça cumprir integralmente as novas regras para a produção animal na Europa e com seus parceiros comerciais.
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Temos trabalhado para acabar com a pecuária industrial intensiva ao pressionar líderes e governantes para eles que parem de aprovar novas fazenda industriais. Em vez disso, acreditamos que os animais de fazenda devem ser criados em sistemas livres de crueldade e sustentáveis, onde suas necessidades sejam totalmente atendidas.
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O uso excessivo de antibióticos está resultando em uma crise global de saúde pública, com até 3.500 mortes humanas diárias em todo o mundo por infecções resistentes a antimicrobianos.