Avistar 2019: Público sente na pele como é ser pássaro numa gaiola
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Nossa experiência de realidade virtual levou dezenas de pessoas a viver, por alguns instantes, no lugar de uma ave mantida em cativeiro e depois no de uma ave em voo livre
Nosso estande animou o público do 14° Avistar – Encontro Brasileiro de Observação de Aves, neste fim de semana, com uma experiência de realidade virtual.
Quem colocava os nossos óculos tinha que escolher onde queria passar os próximos 50 anos da sua vida: uma das opções inseria a pessoa na vida de uma arara mantida como pet, em cativeiro, e a outra mostrava o incrível voo de uma ave em liberdade.
“Nosso intuito foi colocar as pessoas na pele dessas aves, mesmo que por um instante, e fazê-las entender o estresse e a crueldade que esses animais sofrem nos cativeiros e, como contraponto, a liberdade e o direito à vida inerentes ao voo livre que só podem ser possíveis com as aves livres em seu habitat natural”, explica nosso gerente de vida silvestre, João Almeida.
Como foi estar no lugar de uma ave?
Para a estudante secundarista Diana Malta, a experiência trouxe certo desconforto, mas valeu a pena.
“O primeiro vídeo, que é a da arara em cativeiro, foi horrível. Se eu já me senti incomodada, imagina o animal ali a vida inteira. Mas o segundo vídeo, da ave voando livre, foi uma experiência mil vezes melhor. E é o certo, o animal no lugar dele, ninguém mexendo com ele nem nada, foi incrível”, conta ela.
“A gente consegue perceber quanto as experiências de cativeiro e vida livre são distintas uma da outra”, refletiu a estudante de biologia Eunice Strama. “Estar em uma gaiola não traz a felicidade de estar em vida livre. Isso mostra para gente que um animal silvestre não é um pet e que a vida dele não é para ser uma vida de cativeiro”.
Nenhum animal silvestre tem suas necessidades básicas atendidas quando mantido em cativeiro, mesmo que seja como animal de estimação. E as aves estão entre os animais que mais sofrem com o tráfico ilegal e o mercado de pets exóticos.
Expondo o sofrimento dos animais silvestres
Para levar mais informação sobre o tema, nossos gerentes de vida silvestre, João Almeida e Roberto Vieto, palestraram sobre os impactos negativos do turismo de fauna que mantém aves silvestres em cativeiro e sobre o tráfico de animais, especialmente de aves, que alimenta o mercado de silvestres como pet – como papagaios, por exemplo.
“Esses animais são mantidos em espaços muito menores do que seus habitats naturais, sem nenhuma liberdade e com uma alimentação completamente incorreta, quando comparada ao que teriam na natureza, o que causa profundo sofrimento físico e psicológico a eles”, explica Roberto Vieto.
O Avistar foi realizado na Universidade de São Paulo (USP), durante todo o fim de semana, com o objetivo promover o turismo de observação de aves, a vida ao ar livre e a divulgação de pesquisas científicas acerca do tema.
Nosso intuito foi fazer as pessoas entenderem o estresse e a crueldade que esses animais sofrem nos cativeiros