floresta queimada

Compromisso para reduzir os danos provocados pelos sistemas alimentares é um dos maiores desafios da COP 29

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Parar ampliação as plantas de produção animal, tendo em vista o intenso desmatamento provocado pela agropecuária industrial, seria o primeiro passo

Nossa equipe, representando diversos países, estará presente na 29ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 29), que ocorre de 11 a 22 de novembro de 2024 em Baku, Azerbaijão. Nossa missão é destacar a necessidade de discutir o impacto dos sistemas alimentares no meio ambiente, uma vez que esses sistemas representam a segunda maior fonte de emissões poluentes, perdendo apenas para o setor de energia. Acreditamos que sensibilizar as partes para avançar nos compromissos de redução das emissões do modelo atual de sistemas alimentares, que inclui a agropecuária industrial e o desmatamento intenso associado a essa atividade, é essencial. Esse setor é responsável por um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Natália Figueiredo, gerente de políticas públicas da Proteção Animal Mundial e representante brasileira na COP 29, defende que um primeiro passo fundamental seria interromper a expansão das plantas de produção animal.

“Em resumo, a quantidade de terra destinada atualmente para a exploração de animais pela pecuária é mais do que suficiente para alimentar o mundo. O atual modelo tem como principal problema uma distribuição falha, o que impede a comida de chegar ao prato de todos os brasileiros. De que adianta ser líder de exportação de proteína animal se as pessoas ainda passam fome ou pagam caro para ter essa proteína na mesa? Por isso, o melhor caminho é aderir aos sistemas agroflorestais com a regeneração ecológica, o que vai assegurar a soberania alimentar e proteger o clima.”

Rebanho de gado

A evolução da pauta de sistemas alimentares nas COPs

Apesar de a conferência do clima existir há mais de três décadas, o tema dos Sistemas Alimentares só começou a ser incluído nas discussões em 2017, durante a COP 23, realizada em Bonn, Alemanha. Foi então que um grupo de trabalho temporário sobre agricultura foi criado, com o objetivo de abordar conjuntamente temas como agricultura, mudanças climáticas e segurança alimentar e nutricional.

Na COP 27, em Sharm El-Sheik, Egito, em 2022, o mandato desse grupo de trabalho foi prorrogado por mais quatro anos, com foco na implementação de ações climáticas no setor agrícola e na segurança alimentar. Na mesma conferência, vimos um avanço importante com a criação de cinco pavilhões específicos – Comida e Agricultura, Comida para o Clima, Sistemas Alimentares e Saúde – voltados para a discussão da relação entre alimentação e clima.

O maior marco até então foi na COP 28, em Dubai, com a Declaração de Sistemas Alimentares. “Apesar de ser uma declaração rasa, foi um avanço para a agenda de sistemas alimentares. No documento, 160 países, incluindo o Brasil, firmaram o compromisso de acelerar a integração da agricultura e dos sistemas alimentares na ação climática e, simultaneamente, a integrar a ação climática nas agendas políticas e ações relacionadas com a agricultura e os sistemas alimentares”, destaca Natália.

Rumo a Belém

Natália reforça que, na COP 30, que acontecerá em 2025 em Belém, o foco será a revisão de metas, enquanto a COP 29 se concentra nas questões de financiamento.

“A expectativa é que, de fato, os países desenvolvidos se comprometam a fazer os pagamentos dos valores necessários para financiar os meios de implementação das mudanças necessárias nos sistemas alimentares, de forma que possam começar a se tornar sustentáveis”, explica Natália.

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