Greve dos caminhoneiros pode submeter milhões de animais à fome
Notícias
Paralisações nas rodovias de 14 estados brasileiros – devido à greve dos caminhoneiros, nesta semana – começam a ameaçar o bem-estar dos animais.
As consequências vão desde a superlotação em granjas à pausa repentina no abastecimento de ração, que pode submeter milhões de animais à fome.
A situação afeta principalmente suínos e aves. Segundo a Folha de São Paulo, produtores em Santa Catarina estão sem receber ração há mais de 36 horas. O presidente da ACCS (Associação Catarinende de Criadores de Suínos), Losivanio Luiz de Florenzi, declarou não saber quantos dias os animais ainda conseguem sobreviver.
Já o presidente da FAESC (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina), José Zeferino Pedroso, ressaltou que somente no oeste catarinense há um rebanho permanente de 98 milhões de frangos e 5,5 milhões de suínos alojados no campo. Para ele, a falta de ração colocará estes animais em sofrimento nutricional e pode levar à morte.
No Rio Grande do Sul, isso já é uma realidade. Em entrevista ao No Ar Notícias, por exemplo, o diretor de operações do Alibem, Jocelino Gonçalves, calculou que 400 mil suínos dos 750 mil mantidos pelo frigorífico estão sem se alimentar há mais de 35 horas. A situação provocou mortes e canibalismo entre os animais.
Superlotação em granjas
A interrupção no transporte afeta também o funcionamento de frigoríficos, que tiveram que paralisar suas atividades por falta de combustível e outros insumos. Nos últimos dois dias, ao menos 10 frigoríficos das três principais empresas no Brasil – JBS Foods, BRF e Aurora Alimentos – paralisaram os abates de suínos e aves, o que impacta negativamente as condições de alojamento de milhões de animais.
Como existe uma forte integração com as granjas, a interrupção repentina do abate, seja por qualquer motivo, acarreta em um acúmulo de animais nessas propriedades. Isso gera umsofrimento intenso, pois reduz o espaço para cada animal e aumenta os problemas relacionados ao bem-estar e saúde deles.
Da criação ao abate
Para a equipe brasileira de Agricultura Sustentável da World Animal Protection, as notícias dos últimos dias revelam falta de cuidado e preparo da cadeia produtiva para lidar com situações inesperadas como esta greve, que afeta diretamente os animais.
“Quantas dezenas de milhares de animais morrem anualmente por falta de preparo e de um plano adequado e eficiente de emergência?”, questionou José Rodolfo Ciocca, gerente de Agricultura Sustentável da World Animal Protection.
A equipe ressaltou ainda que situações de emergência vão além da atual greve e incluem desde uma ponte caída até as recentes quedas de energia elétrica. No ano passado, por exemplo, a falta de energia combinada ao calor resultou na morte de milhares de frangos em todo país.
“É necessário que autoridades e a cadeia produtiva elaborem, urgentemente, um plano de contingência nacional. Pensando não apenas em questões sanitárias, mas, sim, no bem-estar daqueles animais que não conseguem se livrar desta situação, pois estão sob nossa tutela”, concluiu Ciocca.
“É necessário que autoridades e a cadeia produtiva elaborem, urgentemente, um plano de contingência nacional