Novo relatório mostra que a indústria do turismo incentiva a caça aos golfinhos em Taiji

Em parceria com a Action for Dolphins, nosso novo relatório "Ondas do lucro: como a indústria do turismo se aproveita da caça aos golfinhos em Taiji" revela que 107 delfinários, localizados em 17 países, promovem atividades de entretenimento com golfinhos capturados na caçada em Taiji, no Japão. O documento também expõe que os adestradores participam das ações de captura com o objetivo de orientar a seleção dos filhotes mais adequados para o adestramento.

Nosso estudo revela que as empresas Trip.com, Klook, Traveloka, TUI, GetYourGuide e Groupon estão entre as que ainda disponibilizam entradas para as atrações turísticas que utilizam golfinhos provenientes dessa caçada que ocorre, anualmente, no período de setembro a março. 

Leia o relatório

^{Imagem: Robert Gilhooly}

“Golfinhos são inteligentes, socialmente complexos, sencientes e capazes de interpretar o que está acontecendo no ambiente, sentindo emoções como dor e medo. A temporada de caça é um período insuportável para os animais da região porque, além de lidar com a perda de membros do grupo, os golfinhos estão sujeitos à crueldade física e psicológica por estarem em um ambiente hostil, com ruídos das embarcações, redes de pesca e água avermelhada por conta do sangue de outros golfinhos”, alerta Júlia Trevisan, coordenadora de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.  

Se não bastasse esse cenário trágico, os golfinhos capturados ainda vão continuar sofrendo ao longo da vida em pequenos tanques com cloro e sem a possibilidade de realizar comportamentos naturais da espécie.  

“Os animais que são mantidos nos parques temáticos passam por uma rotina de treinamento bastante cruel e intensa. Muitas vezes, são privados de comer para que o alimento seja a recompensa do treino. Ao longo do processo, esses animais aprendem a pular em argolas, erguer os treinadores pela nadadeira fora da água e a interagir com humanos recebendo alimento ou posando para fotos. Os golfinhos são animais silvestres e não interagem naturalmente com humanos. É preciso lembrar que a nossa presença, por si só, já é um fator de ameaça e estresse para eles”, afirma Julia.   

 A CEO da Action for Dolphins, Hannah Tait, explica que as empresas já foram alertadas sobre a necessidade de implementar políticas de bem-estar animal. “Esse relatório expõe quais as empresas de viagens que estão lucrando com esta prática ultrapassada e brutal”, avalia.

Leia o relatório

O que é a caçada de golfinhos em Taiji 

A captura dos golfinhos é feita por meio de uma barreira sonora que desorienta os golfinhos, fazendo com que grupos nadem em direção à enseada de Taiji. Os animais que não são destinados às indústrias de entretenimento são abatidos, manchando de vermelho as águas do mar.

^{A mancha de sangue nas águas do mar, causadas pela caçada de golfinhos em Taiji. Crédito: Robert Gilhooly}

A prática se torna uma tortura porque esses mamíferos aquáticos – que, quando não são mortos, acabam vendo integrantes do seu grupo sangrarem até a morte – são seres sencientes, ou seja, assim como os humanos, têm a capacidade de sentir dor, medo e empatia.

Outra prática cruel é a separação de mães e filhotes por meio de cordas. Ambientalistas apontam que adestradores de golfinhos costumam acompanhar as caçadas para selecionar os melhores filhotes para atrações turísticas.

“Além dos problemas de maus-tratos mencionados e da questão de segurança das pessoas envolvidas na atividade turística, existe uma preocupação ambiental com a caça em Taiji. A retirada em massa de animais de um ecossistema causa desequilíbrio no ambiente ao perturbar a rede de interação ecológica entre os organismos. Golfinhos são predadores de topo de cadeia e sua retirada altera toda a teia alimentar”, alerta Júlia.  

Ajude a acabar com essa crueldade 

As principais empresas de viagens do mundo estão lucrando com atrações que submetem animais selvagens a uma vida de sofrimento, como shows com golfinhos e passeios de elefantes. 

Vendendo esses ingressos, empresas como a CVC e Decolar mantêm a demanda por experiências com animais silvestres em cativeiro. Essas práticas, além de cruéis, causam danos irreparáveis para o bem-estar dos animais.  

Os animais selvagens precisam de uma vida plena, vivendo felizes em seus habitats naturais. 

Com a sua ajuda, acabaremos com a venda de ingressos para locais onde golfinhos, elefantes, primatas e grandes felinos são explorados para entreter as pessoas. 

Assine a petição para que empresas como CVC, Decolar, Trip.com e GetYourGuide parem de vender atrações com animais selvagens em cativeiro.