pequena tamanduá do Projeto Órfãos do Fogo

Mais de mil animais silvestres foram atropelados nas rodovias do MS em quatro anos

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Aprovação do projeto de lei 466.2015 sobre passagem de animais silvestres é essencial para a redução desse número e bem-estar das espécies

Uma votação na internet, que será disponibilizada em breve nas redes sociais do Instituto Tamanduá, vai escolher o nome de uma pequena tamanduá – integrante do Projeto Órfãos do Fogo – que tem pouco mais de um ano de vida. Ela deu entrada na ONG, que fica em Mato Grosso do Sul, depois de ser resgatada ao lado da mãe, que apresentava ferimentos compatíveis com atropelamento na estrada, em março deste ano, e não sobreviveu.   

Casos como esse não são isolados, como mostra a plataforma Estrada Viva, mantida pelo governo do Mato Grosso do Sul, que monitora os atropelamentos de animais silvestres nas rodovias do estado. No período de 2020 a 2024, 1001 animais silvestres foram vítimas de colisões com veículos. Desse total, 182 eram tamanduás. Até agosto deste ano, 199 animais silvestres foram atropelados. No somatório dos doze meses de 2023, esse número chegou a 318.  

“A rodovia mais perigosa é a BR-362, que liga Campo Grande a Corumbá, mas a gente tem observado também o aumento de atropelamentos nas estradas de terra secundárias. Os animais, majoritariamente atingidos, estão fugindo de focos de incêndio intencionalmente provocados para a atividade agropecuária. Na tentativa de encontrar um novo lar, com oferta de água e comida, a fauna silvestre acaba sendo atingida”, explica Flavia Miranda, presidente-fundadora do Instituto Tamanduá.  

Nas rodovias federais e na maioria dos outros estados, esses registros são subnotificados. Porém, dados de 2014 mostram que o Brasil, um país que abriga a maior floresta tropical do planeta e que tem o quarto maior sistema rodoviário do mundo, com quase dois milhões de quilômetros, tem quase 475 milhões de mortes de animais silvestres por ano devido a colisões com veículos.   

“Por isso, a aprovação do projeto de lei 466.2015 que dispõe sobre medidas que evitem esses acidentes, que colocam em risco até a vida das pessoas, volte a tramitar na Câmara dos Deputados e, posteriormente, no Senado, e seja aprovado o quanto antes. A matéria está pronta para votação em plenário e o maior desafio é que ele seja colocado em pauta”, explica Natália Figueiredo, gerente de políticas públicas na Proteção Animal Mundial.   

Além dos atropelamentos, as estradas são verdadeiras barreiras para os animais, isolando populações e afetando toda a dinâmica local, podendo até mesmo levar ao declínio populacional e extinções locais.   

“É preciso garantir que rodovias sejam adaptadas e preparadas para incluir a proteção da biodiversidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, a gestão do desafio de atropelamento de fauna é descentralizada, cada estado é responsável por implementar medidas de mitigação, o que reduziu em até 90% o número de casos por meio de melhorias na infraestrutura. Isso inclui passagens superiores e subterrâneas especialmente projetadas para que os animais atravessem as estradas sem encontrar tráfego. Esses projetos também ajudaram a reconectar o habitat essencial para as migrações e movimentos anuais e sazonais da vida selvagem. É possível replicar modelos similares no Brasil”, afirma Natália.  

Algumas medidas mitigadoras  

  • Cercamento, impedindo o acesso dos animais à pista para que sigam por travessia segura;  
  • Estruturas superiores e subterrâneas para a travessia de fauna sobre ou sob a rodovia.   
  • Faixas de travessia para a fauna, com sinalização para os motoristas e redutores de velocidade.  
  • Aplicativos para smartphones com emissão de sinais sonoros para os motoristas redobrarem a atenção nas zonas de risco para colisões.  

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