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Ney Matogrosso, Zahy Tentehar, Frejat, Letrux e Mahmundi juntos pela fauna silvestre brasileira

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"Defaunação" tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a urgência de proteger a fauna silvestre dos impactos da agropecuária industrial.

O desmatamento na Amazônia Legal, Cerrado e Pantanal alcançou 21.000 km2 – o equivalente a 14 vezes a cidade de São Paulo – segundo dados do PRODES 2023, programa desenvolvido e operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).  

Os números sobre focos de incêndio e quantidade de hectares atingidos, muitas vezes, desviam a atenção sobre os maiores impactados, conhecidos também como vítimas invisíveis: os animais silvestres. Cada habitat devastado contém histórias de centenas de espécies – a exemplo da onça-pintada, anta, tamanduá-bandeira, lobo-guará, queixada, tatu-bola, jacaré, tuiuiú, arara, zogue-zogue, entre outros – que perdem o lar ou a vida. Os que se aventuram em busca de um novo território com oferta de água, comida e abrigo correm ainda o risco de atropelamento. A cada segundo, estima-se que 15 animais silvestres morrem nas estradas brasileiras, um total de quase meio bilhão ao ano.  

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Para dar visibilidade a essas vítimas invisíveis e sensibilizar o público, por meio da arte, idealizamos a música “Defaunação”, termo que alerta sobre a ação humana de forma intensa e constante nos biomas e que impacta diretamente a vida silvestre. Os cinco versos, com letra de Carlos Rennó e composição de Péricles Cavalcanti, são cantados por Ney Matogrosso, Zahy Tentehar, Frejat, Letrux e Mahmundi, e chamam a atenção sobre os riscos provocados pela agropecuária industrial – que causa imenso sofrimento também em animais de fazenda, como bovinos, aves e porcos – que são criados como meras mercadorias, e não como seres vivos.  A música lembra ainda que os animais são sencientes, ou seja, que assim como os seres humanos são capazes de sentir emoções complexas como medo, dor ou alegria.  

Ouça a música

A percepção do sofrimento dos animais silvestres é que motivou o cantor Ney Matogrosso a se se tornar um ativista em defesa dos animais.  

“Eu era adolescente e estava na fazenda do meu avô e eu fui acompanhar um grupo que saiu para caçar porque era algo considerado normal, caçar para comer. Mas os homens atiraram num bando de macacos e eu vi as mães tentando proteger os filhotes. Balearam também um gavião e eu fui acudir o animal, que estava com tanta dor que cravou a garra na minha mão e eu não tive coragem de tirar. Naquele momento eu entendi tudo”.  

Para o músico Frejat, o ser humano pode ser considerado um dos animais mais nocivos dentro do planeta. 

“A visão do homem é egoísta e destrutiva. É importante lembrar que vivemos com milhares de outras espécies e que é necessário respeitar. Não estamos aqui sozinhos”.  

A cantora Mahmundi destacou que é a primeira vez que participa de um projeto em prol da vida silvestre. 

“Tem muita gente envolvida nessa música linda, animais participando com os sons. Eu sou suspeita porque amo música e amo bicho, então quando recebi esse convite foi uma benção”. 

Despertar a curiosidade do público, na avaliação da cantora Letrux, é mais um dos atrativos de “Defaunação”.  

“Minha sugestão é curtir a música, prestar atenção no nome dos animais e pesquisar sobre eles para aprender sobre a importância da preservação das espécies. Não é porque saímos da escola que precisamos deixar de querer aprender. O melhor agora é que não existe a pressão para uma nota alta no boletim”. 

Para a atriz e cantora Zahy Tentehar a canção também desperta o lado lúdico no público. Por isso, ela conta qual animal silvestre ela gostaria de ser. 

“Uma ave, para voar longe, pousar numa árvore, ficar cantando. Voar é um negócio bonito, poder olhar do alto, ter uma visão ampla de tudo”, revela. 

Júlia Trevisan, coordenadora de Vida silvestre, afirma que a música é especial por apresentar os conceitos de defaunação e refaunação. 

“São termos diferentes e distantes do dia a dia, mas extremamente relevantes quando se fala de conservação e restauração ambiental. É importante falar sobre a defaunação que estamos vivenciando e que silenciosamente está matando quem habita a floresta. Da mesma forma que é importante promover a refaunação, que significa a reintrodução ou a volta de espécies da fauna para seus habitats naturais. Precisamos conhecer esses termos para entender a importância da fauna silvestre e como nossas florestas dependem dos animais para se manter saudáveis e prosperar. E, nada melhor do que artistas com grande alcance para levar essa mensagem para o público”, avalia. 

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