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Proteção Animal Mundial move Grupo Expedia, que irá banir atrações com baleias e golfinhos em cativeiro

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Decisão recompensa dois anos de intensa campanha internacional sobre o assunto junto à gigante do turismo global. No Brasil, recente treinamento para equipe da operadora BWT ilustra apoio ao trade turístico por uma retomada dos negócios de forma responsável em relação ao bem-estar animal

A holding global de turismo Grupo Expedia confirmou no começo desta semana a decisão de banir de seus sites a comercialização de ingressos para atrações que envolvem interações ou espetáculos com baleias, golfinhos e outros cetáceos mantidos em cativeiro. Os ajustes devem ocorrer de forma gradual até o início de 2022, quando espera-se que a nova política esteja plenamente em vigor. Até lá, e a partir de então, a plataforma seguirá em observação atenta.

A mudança atende aos apelos da Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que trabalha em prol do bem-estar animal, e dos mais de 350 mil apoiadores em todo o mundo que têm feito campanha sobre o tema desde 2019.

“A Proteção Animal Mundial conseguiu fazer com que a Expedia tenha decido por parar de vender ingressos para shows e interações cruéis com golfinhos, e estamos muito motivados com esse resultado. Esta é uma grande vitória para baleias e golfinhos em todo o mundo!”, celebrou Nick Stewart, chefe global de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial. “Depois de dois anos de campanha persistente focada nessa gigantesca empresa de turismo, a Expedia ouviu o chamado de nossos apoiadores”.

“No Brasil felizmente não temos mais golfinhos em cativeiro para entretenimento há bastante tempo. A Proteção Animal Mundial participou ativamente para a libertação do último espécime nessas condições, o que aconteceu em 1993”, recorda o diretor executivo interino da Proteção Animal Mundial no Brasil, João Almeida.

Ele acrescenta uma avaliação dos efeitos em âmbito internacional e local: “A decisão do Expedia é muitíssimo importante pela escala do impacto positivo em bem-estar animal que poderá ser gerado. Mas também pelo exemplo para toda a cadeia de fornecimento global, incluindo as várias agências e operadoras de turismo que ainda promovem e vendem estas experiências ultrapassadas que exploram animais comercialmente. Precisamos lembrar que neste grupo estão inclusas importantes empresas nacionais de turismo. Por este motivo, os turistas brasileiros ainda constam entre os maiores consumidores mundiais de atrações cruéis com golfinhos e baleias. A mensagem que precisa ficar é: golfinhos e baleias pertencem à natureza, eles não são entretenimento Vamos fazer desta a última geração desses animais sofrendo em cativeiro para diversão humana”.

Padrão WAZA é insuficiente

A Proteção Animal Mundial celebra o reconhecimento pelo Grupo Expedia de que o mero alinhamento de suas políticas com os padrões da Associação Mundial de Zoológicos e Aquários (World Association of Zoos and Aquariums, WAZA) não basta. Isto porque a WAZA permanece oferecendo credenciamento à zoológicos e aquários que incluem experiências cruéis com baleias e golfinhos em cativeiro, além de outros espetáculos de interação com animais silvestres.

A Proteção Animal Mundial, com o respaldo de seus apoiadores, segue em permanente esforço para denunciar e impedir a exploração comercial de golfinhos e outros animais selvagens pelo turismo e outras indústrias. Relatório recente mostrou a crueldade e a ameaça de saúde impostas por um mercado público no Peru, que serve como atrativo turístico e que fica situado próximo da fronteira com Brasil e Colômbia, em que o comércio de vida selvagem ocorre a olhos vistos.

Saiba mais sobre a política atualizada de bem-estar animal do Grupo Expedia aqui (em Inglês). O Grupo Expedia possui sede em Seattle (EUA) de onde comanda a presença em mais de 70 países por meio de um portifólio de mais de 20 marcas conhecidas, incluindo 200 agências e sites de viagens. Por aqui as mais familiares são Expedia.com.br, Hoteis.com.br, Trivago, Travelocity e Orbitz.  

No Brasil: treinamento à BTW Operadora é exemplo de apoio à retomada responsável do turismo

Com a gradual flexibilização dos protocolos sanitários e da circulação no Brasil e em outros países, a Proteção Animal Mundial também tem empreendido esforços no Brasil e reestabelecido contatos com o trade turístico nacional. Como exemplo mais recente, no mês passado a equipe da ONG promoveu uma palestra e treinamento online de sensibilização para um grupo de 50 executivos e profissionais de diversas áreas da BWT Operadora.

O encontro abordou o trabalho da Proteção Animal Mundial no Brasil e no mundo, exemplos de turismo responsável envolvendo animais de diferentes espécies (como golfinhos, elefantes, aves, grandes felinos e a fauna na região amazônica e pantaneira), uma exposição das diferenças do comportamento de animais na natureza e em cativeiro, além do estudo de alguns casos concretos do próprio catálogo da operadora para ajudar os profissionais a desenvolverem atenção e senso crítico na montagem dos pacotes.

“Temos um histórico de relacionamento que já vem pelo menos desde 2019. A BWT é uma empresa que tem se mostrado disposta a abraçar a preocupação com o bem-estar animal em suas práticas e na seleção dos fornecedores e atrativos que inclui nos produtos que oferta ao mercado”, relata João Almeida.

“O treinamento com a Proteção Animal Mundial trouxe fôlego e engajamento ao nosso time para seguir no propósito das boas práticas no turismo animal. Estamos comprometidos com essa causa e já iniciamos um trabalho interno de conscientização com a criação de um Grupo de Trabalho para tratar do assunto”, informa Gabriel Cordeiro, gerente geral da BWT Operadora.

O diálogo tem envolvido ações como conscientização, aconselhamento, diagnóstico do portfólio e apoio na elaboração de diretrizes corporativas. Em 2020, por exemplo, a Proteção Animal Mundial ajudou a operadora na avaliação de produtos e experiências com elefantes na Tailândia, indicando fornecedores que possuem práticas responsáveis, como Following Giants e Chang Chill, e recomendando atenção quanto a alternativas desaconselháveis.

Caminho correto

No caso das atividades com elefantes, o importante é que não haja interações diretas. Mesmo as aparentemente inofensivas, tais como montarias sem cela ou banhos em locais apresentados como santuários, não devem acontecer. Elas são sinal de que o instinto natural do animal selvagem foi moldado para permitir o contato. Até quando se trata de um indivíduo resgatado, manter tal condicionamento é dar continuidade ao sofrimento.

A abordagem vale para toda a vida silvestre: o melhor é sempre a observação respeitosa, dos animais vivendo livres na natureza. Isso visa garantir a segurança das pessoas, o bem-estar dos animais e proteger a saúde pública.

“A pandemia de Covid-19 escancarou o risco das doenças que podem saltar dos animais para os seres humanos. Os animais silvestres possuem patógenos desconhecidos ou que podem mudar, então também por isso a contemplação é o caminho correto”, explica Almeida. “O trade global de turismo entendeu isso e, assim como incorporou novas práticas sanitárias e de higiene, também está evoluindo na preocupação com o bem-estar animal. A retomada dos negócios cria uma excelente oportunidade para cada vez mais empresas se comprometerem com o turismo responsável. Em 2022 a nossa intenção é engajar a Braztoa e as empresas associadas, que lideram e definem o que acontece no mercado brasileiro de turismo”, projeta.

A Proteção Animal Mundial segue à disposição dos interessados para replicar o conteúdo da palestra dada à BWT e prestar assistência, seja para operadoras, agências ou associações que desejem começar ou aprimorar uma política de respeito aos animais.

Potencial para observação de baleias

Outro tipo de iniciativa turística no radar da organização para estruturação no Brasil é a de mapeamento de sítios que funcionem como Patrimônios das Baleias, acreditação desenvolvida em parceria com a Aliança Mundial pelos Cetáceos (World Cetacean Alliance) e que já conta com localidades reconhecidas na África do Sul, Austrália, Espanha e Estados Unidos.

A decisão do Expedia é muitíssimo importante pela escala do impacto positivo em bem-estar animal que poderá ser gerado. Mas também pelo exemplo para toda a cadeia de fornecimento global, incluindo as várias agências e operadoras de turismo que ainda promovem e vendem estas experiências ultrapassadas que exploram animais comercialmente