Indústria do turismo está matando os leões na África
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No Dia Mundial do Leão, relatório da World Animal Protection expõe crueldades cometidas em parques de leões na África
O leão Cecil foi apenas um dos centenas de leões que têm a sua existência e bem-estar ameaçados por práticas de turismo em toda a África. De acordo com relatório da World Animal Protection divulgado hoje, somente na África do Sul, 68% dos leões do país vivem em cativeiro. Ainda que de forma involuntária, turistas estão colaborando na criação de uma demanda que, para além dos horrores da caça, sujeita leões a uma vida inteira de sofrimento.
Os parques de leões são atrações de popularidade crescente, onde turistas podem provar uma experiência única na vida aproximando-se de leões criados em cativeiro. Filhotes de leão são criados especialmente para esses parques, para onde são levados com poucas semanas de vida e utilizados como atrações para “selfies” com turistas ou para passeios com leões - tudo isso em nome do entretenimento. A prática é um grande negócio: desde 2005, a quantidade de leões criados em cativeiro na África do Sul quase dobrou, chegando a pelo menos 5.800 animais.
Clique aqui para ler o relatório na íntegra.
World Animal Protection tem grandes preocupações a respeito do bem-estar de filhotes de leões nesses parques:
- Os filhotes de leão são separados de suas mães, muitas vezes com poucas semanas de vida, para começarem um treinamento a fim de que se tornem “seguros” para o contato com turistas;
- Os pequenos leões são apresentados aos turistas, vistos e manipulados centenas de vezes ao dia, o que pode provocar stress e lesões;
- Muitas vezes os filhotes recebem punições que utilizam dor e medo para coibir comportamentos agressivos ou indesejados.
- Os leões são geralmente acomodados em pequenas jaulas de concreto e podem receber dietas inadequadas, que por vezes não atingem nem mesmo suas necessidades básicas de alimentação.
- Essas condições podem causar stress crônico e tornar os animais mais vulneráveis a doenças.
World Animal Protection também teme pelo destino de leões adultos que não são mais utilizados nesses parques, quando tornam-se muito grandes ou perigosos para o contato direto com turistas. Ao contrário dos programas de criação em cativeiro com fins de conservação, parques de leões com viés comercial não colaboram com o aumento da população de leões, uma vez que esses animais não podem ser soltos na natureza de forma segura.
Na contramão da conservação, leões adultos são eutanasiados, mantidos em cativeiro de forma inadequada ou vendidos para zoológicos, fazendas de leões ou até mesmo para colecionadores. Os parques de leões negam o fornecimento de animais em cativeiro para atividades de caça, mas os envolvidos sabem pouco sobre o que acontece com os animais após as vendas.
“É perfeitamente possível que os filhotes de leão com quem você tirou uma ‘selfie‘ nas férias sejam os mesmos animais mortos por caçadores. A partir do momento em que nascem, esses leões estão destinados a uma vida miserável e muitos turistas não sabem que estão involuntariamente alimentando uma indústria que se importa muito pouco com os animais. Ao recusar uma visita a um parque de leões e, em vez disso, pagar para ver animais na natureza, você colabora com o fim de uma demanda que mantém toda essa crueldade viva”, afirma Kate Nustedt, diretora internacional de vida silvestre de World Animal Protection.
Ao revelar a abrangência dos abusos por trás da morte brutal de Cecil e pedir às pessoas que se unam ao nosso movimento, World Animal Protection deseja transformar a indústria de turismo de leões. “Precisamos realizar essas mudanças agora, para realmente proteger os leões africanos. Se a morte de Cecil puder significar algo, esperamos que seja a transmissão do senso de urgência para a indústria do turismo e governos, para que possam agir em prol da proteção de nossa vida selvagem”, conclui Nustedt
World Animal Protection quer construir um movimento global para colocar a vida silvestre em pauta e reduzir a demanda turística por atrações que envolvam a crueldade com animais. Saiba mais em: worldanimalprotection.org.br/silvestres-nao-entretenimento.
Se a morte de Cecil puder significar algo, esperamos que seja a transmissão do senso de urgência para a indústria do turismo e governos, para que possam agir em prol da proteção de nossa vida selvagem