Ranking dos vilões da pecuária: novo relatório aponta a JBS como a principal responsável pelas mudanças climáticas
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Dona da Seara, Friboi e Swift, a JBS causa o equivalente anual a 14 milhões de carros em emissão de gases de efeito estufa.
Este nosso novo relatório, "Ranking dos vilões da pecuária" classifica as cinco gigantes mundiais da pecuária industrial intensiva pela quantidade de emissões nocivas liberadas de sua cadeia de produção de carne suína e de frango.
A brasileira JBS, maior produtora de carne e detentora das marcas Seara, Swift e Friboi, lidera o ranking dos maiores poluidores, sendo responsável por emissões equivalentes a 14 milhões de carros em circulação a cada ano.
Além disso, a JBS ainda não divulgou seu plano estratégico Net Zero para lidar com as emissões de sua produção intensiva de ração animal para fazendas industriais e nem detalhou como pretende frear a destruição dos habitats dos animais silvestres.
Como indicado no ranking, a pegada da cadeia de produção de grãos para ração animal da JBS equivale a 7,8 milhões de carros em circulação a cada ano.
“É importante lembrar que, para manter o atual sistema de criação animal, é necessária uma ampla produção de grãos para alimentar os animais de fazenda e que, infelizmente, tem ocorrido em áreas de desmatamento. Com isso, o bem-estar de milhares de animais silvestres também é impactado, pela perda do habitat, mortes nos incêndios ou até mesmo em decorrência do fogo (atropelados)”, explica Karina Rie Ishida, Coordenadora de Campanhas de Sistemas Alimentares da Proteção Animal Mundial.
"Como o nosso estudo revela, as cinco operações intensivas de carne – que impulsionam a destruição do habitat natural para cultivar grãos usados na ração animal, bem como infligem crueldade aos animais – equivalem a 36,4 milhões de carros em circulação anualmente lançando poluentes nocivos. A JBS é atualmente a pior dessas poluidoras em série. O que fica latente em nossa pesquisa é que a pecuária industrial não é compatível com um futuro seguro para o clima”, afirma Jacqueline Mills, Chefe de Campanha de Agropecuária Sustentável da Proteção Animal Mundial.
O ranking se baseia em dados do nosso relatório “Mudança climática e crueldade”, estudo encomendado e conduzido pela Blonk Consultants. Todas as empresas citadas no ranking foram procuradas para prestar esclarecimentos e se posicionar, mas, infelizmente, até o presente momento, não tivemos resposta.
Rumo à emissão zero
O "Ranking dos vilões da pecuária" também mostra como algumas empresas se preparam para submeter suas metas à iniciativa Science-Based Targets Initiative (SBTi), apoiada pela ONU, que valida os planos apresentados pelas corporações para seu objetivo de Net Zero climático.
A Proteção Animal Mundial tem receio de que a JBS tente explorar lacunas nas diretrizes da SBTi quando submeter seus planos este ano. Como a produção de ração animal é tão intensiva em emissões, a iniciativa permite que as empresas de carne registrem níveis reduzidos de emissões para cada quilograma de carne.
Entretanto, esses ganhos climáticos serão compensados por grandes aumentos no impacto geral sobre o clima à medida que o volume de produção de carne aumentar.
"É imperativo que a SBTi impeça a indústria de carne de fazer greenwashing (omissão de informações sobre os reais impactos das atividades de uma empresa no meio ambiente).Ela deve rejeitar a meta da JBS e remover a brecha que permite que essa fraude óbvia aumente as emissões gerais, ao mesmo tempo em que reivindica credenciais verdes.", comenta Mills.
Para subir na classificação, as empresas devem:
- Ter compromissos sólidos para parar de destruir o habitat de animais silvestres e de liberar carbono para a atmosfera quando a terra é desmatada para cultivos de grãos destinados a alimentar animais de criação.¹
- Disponibilizar publicamente planos de ação climática confiáveis que contabilizem as emissões da cadeia de produção de ração animal e apresentar relatórios públicos relacionados.²
- Parar de produzir cada vez mais carne e laticínios de origem industrial. Em vez disso, produzir mais alimentos de origem vegetal e garantir que os produtos animais sejam de alto bem-estar para enfrentar a crise do clima, da biodiversidade e da segurança alimentar;
- Elevar o nível de bem-estar dos animais, assumindo compromissos alinhados aos padrões mínimos do FARMS.
Exija que a JBS pare de financiar o desmatamento
Estamos vivendo uma emergência climática e o setor agropecuário é um dos principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa.
Por isso estamos pedindo que a JBS assuma a sua responsabilidade que há tempos está contaminada pela devastação de habitats e que está condenando nossa fauna à morte.
O futuro dos animais, de nosso planeta e das pessoas está em jogo.
1. A Danish Crown e a Tyson Foods se comprometem com desmatamento zero para soja até o final de 2025. A BRF pretende acabar com o desmatamento para fornecimento de grãos nas regiões da Amazônia e do Cerrado até 2025. Esses compromissos permitem que a destruição do habitat continue nesse ínterim.
2. Embora a BRF, a Danish Crown, a Pilgrim's Pride UK (JBS) e a Tyson Foods tenham compromissos que abrangem o Escopo 3/ração animal, acreditamos que as empresas deveriam reduzir as emissões totais, em vez da intensidade das emissões por quilograma de carne processada.