O uso irresponsável de antibióticos na pecuária industrial intensiva precisa acabar!
Nas criações industriais intensivas, os animais são mantidos em condições que desrespeitam suas necessidades e comportamentos naturais. Além das más condições de manejo, como a baixa qualidade sanitária, os animais deste sistema são:
- Submetidos a mutilações dolorosas, principalmente castração cirúrgica, corte de cauda e clipagem de dentes;
- Separados precocemente de suas mães, com desmame precoce;
- Mantidos em ambientes superlotados e sem estímulos.
Diante dessa realidade, os antibióticos são utilizados não só para tratamento de infecções reais e presentes (uso terapêutico), mas também para prevenir doenças de forma massiva (uso preventivo) e até mesmo para promover o crescimento dos animais.
Essa administração exagerada e irresponsável contribui para aumentar o processo natural de seleção dos microrganismos e causa o aparecimento de gerações de bactérias multirresistentes, a chamada Resistência Antimicrobiana (RAM).
Precisamos acabar com isso!
O Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária, deve proibir o uso irresponsável de antibióticos em animais de fazenda e exigir melhores práticas de bem-estar animal criações industriais intensivas.
Para isso, precisamos do seu apoio assinando nossa petição.
Vamos protocolá-la junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária solicitando a proibição do uso de antibióticos de forma profilática (preventiva) e como promotor de crescimento, assim como a adoção dos Padrões Mínimos de Bem-estar definidos no FARMS Initiative em suas normas específicas para cada espécie.
A resistência bacteriana
Os impactos da resistência bacteriana (RAM) são extremamente severos. Pesquisas recentes, baseadas em dados de 2019, estimam que o número de mortes por doenças resistentes a medicamentos aumentou de 1 milhão para 1,27 milhão por ano, tendo previsão de 10 milhões de mortes anuais em 2050.
Na criação de animais de fazenda, o fenômeno de aumento da resistência bacteriana foi relatado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um risco potencial para surtos de doenças causadas por bactérias entre humanos, cujas curas ficam prejudicadas.
Além disso, a RAM aumenta a carga no sistema de saúde devido a efeitos secundários. Esses efeitos ocorrem quando os procedimentos que utilizam antibióticos, que são essenciais para diminuir o risco de qualquer infecção, não podem ser realizados com sucesso devido à RAM¹.
Quando as infecções são resistentes a antibióticos, o tratamento é mais caro e as taxas de mortalidade são mais altas - devido à resistência a antimicrobianos, medicamentos usados anteriormente para tratar infecções comuns transmitidas por alimentos podem deixar de fazer efeito.
Bem-estar animal x uso de antibióticos
Animais criados em sistemas com altos níveis de bem-estar são menos suscetíveis a infecções e, por essa razão, reduzem radicalmente a necessidade de uso de antibióticos.
Por isso, entendemos que acabar com a pecuária industrial é um fator importante para eliminar uma das fontes de contaminação por bactérias multirresistentes. Isto irá limitar a disseminação de tais bactérias, de forma a garantir às gerações futuras o direito a viver com saúde e qualidade de vida em um planeta menos poluído e mais equilibrado.
Os antibióticos são uma ferramenta muito importante para manter a saúde e bem-estar dos animais de fazenda desde que usados da forma terapêutica, ou seja, para tratamento de infecções reais e presentes.
Conheça a campanha Haja Estômago e saiba mais sobre a relação entre a pecuária industrial intensiva e a resistência antimicrobiana.
¹ Naylor NR, Atun R, Zhu N, et al. 1018. Estimating the burden of antimicrobial resistance: a systematic literature review. Antimicrob Resist Infect Control. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5918775/ (acessado em 22 de outubro de 2021)