Cecília: da orfandade ao estrelato como Personalidade Silvestre Única de 2022
Comunicado de imprensa
A tamanduá-bandeira brasileira resgatada após incêndios no Pantanal em 2021 esbanjou carisma entre seus pares da vida silvestre para vencer a edição inaugural da premiação criada pela Proteção Animal Mundial. Recompensa vai beneficiar outros animais resgatados e recuperados no bioma pelo Projeto Órfãos do Fogo
São Paulo, 29 de julho de 2022 – Cecília, uma jovem tamanduá-bandeira brasileira, é a primeira vencedora do prêmio Audrey Mealia de Personalidade Silvestre Única. A premiação foi criada neste ano pela Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que trabalha em prol do bem-estar animal. A vitória de Cecília, que valeu uma recompensa de US$ 10.000, irá ajudar outros animais da mesma espécie abrigados pelo Projeto Órfãos do Fogo, mantidos pelo Instituto Tamanduá na região do Pantanal Sul, em Mato Grosso do Sul.
O prêmio leva o nome da dedicada defensora dos animais e estimada colaboradora da Proteção Animal Mundial Audrey Mealia, membro da equipe de Vida Silvestre até falecer no final de 2021. Entre outros feitos, ela teve papel decisivo no lançamento e fixação da Iniciativa Global de Combate à Pesca Fantasma (GGGI, na siga em inglês) na agenda global. Esteve também na liderança do trabalho da ONG para convencer 250 empresas de turismo em todo o mundo a se comprometerem com práticas amigáveis à vida silvestre e pautou a transição de locais de elefantes para ambientes alto bem-estar. O engajamento público com o prêmio foi surpreendente e uma grande homenagem a Audrey Mealia.
“A celebração cumpre a proposta de mostrar como os animais silvestres têm personalidades únicas e individuais. Ela se conecta com o esforço da Proteção Animal Mundial de disseminar compreensão generalizada quanto à senciência animal (capacidade de pensar e sentir) e de conscientizar cada vez mais as pessoas para que elas reconheçam que os animais selvagens têm direito a uma vida selvagem”, detalha a diretora de programas de Vida Silvestre, Kate Nustedt.
Sobre Cecília e o projeto Órfãos de Fogo
Com pouco mais de um ano de idade, Cecília vive atualmente no projeto Órfãos do Fogo, que é administrado pelo Instituto Tamanduá. Ela passou a ser cuidada pelo centro depois que ficou órfã ao perder a mãe após uma queimada no Pantanal. A mãe havia sido atropelada e estava próxima a um foco de incêndio no distrito de Nova Porto, em Bataguassu (MS).
Cecília é descrita pela equipe como uma tamanduá muito carismática, gentil e inteligente. Ela adora brincar com seu amigo Darlan e atacar cupinzeiros. É muito atenta, curiosa e ótima em forragear e fazer buracos. Sua curiosidade aguçada faz com que ela interaja muito bem com o enriquecimento ambiental. Ela é muito ativa o tempo todo, interagindo até mesmo com seus vizinhos do recinto: ela não perde tempo e lambe tudo. Seu hobby favorito é tomar banhos relaxantes enquanto lava o pelo e coça o pescoço.
O projeto Órfãos do Fogo foi criado no início de 2021 em resposta ao grande número de animais afetados por incêndios na região do Pantanal no ano anterior. A iniciativa cuida, reabilita e devolve à natureza os filhotes de tamanduá-bandeira órfãos impactados.
O valor de US$ 10.000 deverá ser investido pelo Instituto Tamanduá na melhoria da infraestrutura da unidade de reabilitação e na compra de equipamentos para ajudar no monitoramento dos animais reintroduzidos na natureza. Cecília, por exemplo, deve voltar ao habitat ao qual pertence ainda este ano.
"Agradecemos à Proteção Animal Mundial e todos que votaram. Além disso, queremos parabenizar todas as outras instituições que participaram do prêmio por seu incrível trabalho com estes animais de personalidades tão ímpares. Muito obrigado a todos. E lembrem-se que os animais têm personalidades únicas e não devem ser tratados como mercadorias ou explorados", disse Maria Helena Mazzoni Baldini, veterinária do Instituto Tamanduá.
Uma ótima estreia
Esta foi a primeira das três edições inicialmente previstas para o prêmio. Foram mais de 9 mil votos e 6,5 mil curtidas no Instagram. A ação não foi criada como uma competição focada em colocar um animal contra o outro, mas foi idealizada como uma maneira de celebrar as qualidades únicas de cada animal e de apoiar os locais que os defendem.
“Agradecemos a todos os inscritos nessa edição inaugural do prêmio, especialmente aos participantes que chegaram à votação final. Um grande obrigado à filha de Audrey, Bella, que fez parte do júri, a todos os nossos apoiadores e colegas que votaram no seu animal favorito”, declarou Kate Nustedt.
Os finalistas
Os cinco animais finalistas foram selecionados devido a comportamentos específicos ou traços de caráter que destacam sua personalidade, inteligência ou emoções de maneiras envolventes e únicas, reforçando sua natureza selvagem.
Os traços destacados nos animais participantes do prêmio podiam ser sua patetice, inteligência, engenhosidade, oportunismo, possessividade, impulsividade, espírito colaborativo ou empatia, entre muitos outros. Era importante que os comportamentos e características não tivessem sido desenvolvidos através de treinamento ou que refletissem impactos resultantes de catividade.
Gandhi, elefante asiático, 54 anos do Elephant Haven (França)
Em outubro de 2021, Gandhi chegou ao Elephant Haven European Elephant Sanctuary para se aposentar. Ela gosta de caminhadas matinais sob o sol depois de cochilar no abrigo. Ela adora escalar colinas e gosta de urtigas secas. Quando o santuário tenta algo novo, ela parece duvidar se aceita ou não. Normalmente, ela de repente dá o passo corajoso e vai em frente!
Gen Thong, elefante, 10 anos do Kindred Spirit Elephant Sanctuary (Tailândia)
Gen Thong perdeu a mãe tragicamente aos dois anos de idade. Passou o próximo par de anos trabalhando em um acampamento como atração turística. Foi confinado e mostrou um comportamento imprevisível. Em 2016, Gen Thong, sua avó, sua tia e um amigo foram levados a uma nova casa, o Kindred Spirit Elephant Sanctuary. Sua personalidade atrevida desabrochou e hoje ela passa os dias vagando pela floresta e brincando com outros elefantes.
Ina, urso, 28 anos do santuário Libearty - Asociația Milioane de Prieteni (Romênia)
O santuário Libearty foi construído para animais selvagens que viviam em circos ou gaiolas sujas. Ina era uma ursa maltratada que foi salva em 2014 e trazida para o santuário. Graças ao ambiente natural e outros ursos, foi reabilitada após 20 anos de sofrimento. Ina é brincalhona e gosta de provocar um lobo em seu recinto. Ela pode ser vista subindo nas árvores, nadando e curtindo sua vida.
Pearl (Gee Pael), elefante asiático, 35 anos, do Projeto Elephant Valley (Camboja)
Pearl foi resgatada do trabalho na extração de madeira em 2013 e trazida para o Projeto Elephant Valley. Ela estava estressada e um pouco agressiva no início. Depois começou a mostrar um lado mais suave, procurando a confiança da matriarca Ning Wan. Agora está realmente em casa no santuário. Pearl demonstra amor incondicional por seu bebê, Diamond. Pearl a guia calmamente pela floresta, observando-a a cada passo do caminho.
Lembrem-se que os animais têm personalidades únicas e não devem ser tratados como mercadorias ou explorados - Maria Helena Mazzoni Baldini, veterinária do Instituto Tamanduá